Análises

Análise: Super Mario 3D World + Bowser’s Fury

Uma grande surpresa no Direct de aniversário de 35 anos de Mario em setembro de 2020 foi o relançamento de um jogo de Wii U, fortalecendo ainda mais a imagem do Switch de máquina de ports de um dos consoles de menor sucesso da Nintendo.

Super Mario 3D World, como o nome indica, busca trazer a sensação do clássico Super Mario World de Super Nintendo para o mundo 3D. Para complementar a experiência, a expansão Bowser’s Fury chega destruindo tudo! Mas será que essa nova empreitada vem somar ou apenas surfar na onda do encanador?

A Nintendo nos enviou uma chave para podermos analisar o jogo.

História

O jogo possui duas campanhas separadas, o jogo base e a expansão inédita. O jogo base coloca Mario, Luigi, Toad e Peach em uma jornada para libertar pequenas Anafadas (Sprixies) aprisionadas por Bowser que invadiu o seu reino. Este é o mesmo jogo do Wii U com apenas alguns retoques.

A expansão leva Mario a formar uma inusitada dupla com Bowser Jr. e desbravar (e limpar) o Lago Felisgato buscando uma forma de ajudar o pai vilão que está descontrolado. O Lago possui alguns arquipélagos com características próprias, inclusive climáticas. Há a ilha inicial, com grama e praias, a ilha do gelo, a ilha da lava, etc. Cada uma possui um farol, importantes para conter os surtos de Bowser, que está coberto por uma gosma preta que o deixou extremamente grande e furioso!

O que já era ruim ficou pior ainda

Todos os elementos do jogo receberam um toque felino em suas versões no Lago Felisgato, tematizando toda a aventura. Koopa Troopas? Com orelhinhas. Goombas? Também. As metas da aventura não são estrelas ou luas, mas “Sóis Felinos”. Talvez os únicos elementos que não tenham sido tomados por essa onda felina são Bowser e Bowser Jr.

Entretanto, como todos os jogos do bigodudo, a história é apenas um tempero a mais para coroar os outros aspectos como a…

Jogabilidade

… jogabilidade, que brilha em todos os jogos da franquia. Há uma diferença entre as duas campanhas. Mesmo compartilhando grande parte dos elementos, como os poderes (ambos dando uma ênfase gigantesca ao Mario Gato, novidade na época), cada um possui uma pegada diferente.

Super Mario 3D World continua quase igual ao seu lançamento original. Algumas pequenas mudanças fazem com que o jogo fique mais alinhado ao game design moderno. A movimentação dos personagens foi acelerada. Isso faz com que a movimentação travada em 8 direções não seja tão evidente, mas ainda é perceptível, principalmente em algumas situações em que a precisão é necessária. A câmera também continua presa em apenas alguns ângulos pré-definidos.

Assim como em outros jogos plataforma de Mario, leva um tempo até nos acostumarmos com as minúcias do jogo, como velocidade de corrida, tempo para desacelerar, altura do pulo e tempo de queda. Isso é potencializado nesse jogo pela diferença entre os 4 personagens jogáveis.

Já em Bowser’s Fury, o jogo se assemelha muito a outros títulos 3D de Mario, como Odyssey e até Super Mario 64. A câmera é livre e a movimentação é em 360°, já deixando a sensação do jogo bem melhor.

Corre Mario!!!

O esquema “mundo aberto” dá um dinamismo ao jogo inexistente no jogo base, por se tratar de algo mais estruturado, dividido em fases. Em alguns momentos iniciais me senti meio perdido, sem saber o que fazer. Depois descobri que devia explorar outras áreas devido à praticamente nenhuma transição de telas além das vinhetas de morte. As ilhas mudam suas configurações para dar acesso a novos sóis felinos quando o jogador não está olhando. Isso faz com que a movimentação entre as diversas ilhas seja constante e evita que algumas ilhas menos interessantes se tornem maçantes.

Um dos maiores atrativos do jogo durante os trailers foi o gigantesco Bowser que altera o cenário consideravelmente. É bastante intimidador quando ele aparece e começa a soltar raios tentando nos acertar, mas esse sentimento se perde rapidamente. Devido a frequência desse evento ser muito alta (a cada 6 ou 7 minutos), ele acaba perdendo o impacto e até as lutas contra ele, que deveriam ser um ápice do jogo, se tornam repetitivas e corriqueiras por uma falta de sensação de progressão. Que se dá basicamente pelo número de sóis coletados.

Gráficos

Os gráficos também tiveram melhorias em relação ao jogo de Wii U, mais expressivamente na versão docked. O jogo está rodando a 60 fps e 900p, ao contrário dos 60 fps e 720p originais, que se mantém quando jogados em modo portátil no Switch.

Já em Bowser’s Fury há uma pequena diferença, o jogo roda a 60 fps com algumas quedas no modo docked, e em 30 fps no modo portátil, que me pareceu mais estável. Como em outros jogos, os 30 fps não são um problema em si, mas jogar na TV e dar sequência ao jogo na telinha logo em seguida vai causar estranheza.

Para os entusiastas, existe o modo foto, no qual você pode parar a ação a qualquer instante e adicionar stickers, filtros, ajustar o ângulo, inclinação, etc, e aproveitar de toda a melhoria gráfica do jogo.

Modo foto completo para enaltecer o bigodudo

O jogo continua muito bonito, com cores vivas e uma identidade bastante familiar, que te traz para o mundo de Mario instantaneamente.

Sons

A trilha sonora de Super Mario 3D World também se mantém intacta e ainda é muito gostosa de se ouvir. A trilha de Bowser’s Fury acompanha o tema de fúria do jogo e traz um tom mais pesado ao jogo, com guitarras distorcidas com direito a coral e vocal fry, principalmente durante as aparições do Bowser gigante.

Quando o inimigo titular está dormindo, a trilha é muito mais alegre e praiana, com músicas que captam os temas de cada ilha, como praias, algo mais ancestral na ilha Magmeow, e gelo, com sininhos que chegam a remeter ao natal.

Conclusão

Um jogo que ficou escondido por trás de um dos fracassos da Nintendo, Super Mario 3D World + Bowser’s Fury dá a oportunidade de muitos fãs conhecerem este jogo 3D com alma de 2D, e também faz alguns ajustes em alguns pontos fracos, como a velocidade de movimentação, apesar de mantê-la em 8 direções. A inclusão de Bowser’s Fury e suas 3 horas de jogo são uma grata adição que parecem um meio termo entre Super Mario 3D World e Odyssey. A falta de recursos consolidados em Marios 3D, como o pulo triplo, causa um desconforto, mas que é compensado pela liberdade e possibilidade de usar alguns poderes para facilitar a navegação, como o Mario gato e o bloco de hélice.

As quedas de frame-rate no modo docked atrapalham e, como era de se esperar, acontecem quando o jogo mais precisa da sua atenção, em meio ao caos de pedras incandescentes caindo do céu e raios de fogo varrendo os arquipélagos. Elas são especialmente notáveis quando se está em uma área alta do jogo, onde muito do Lago Felisgato fica visível ao fundo, e também onde menos se quer errar e ter que subir tudo de novo…

O multiplayer de ambos os jogos é muito bom. Fazendo com que pessoas das mais diversas habilidades possam jogar juntas, seja ajudando ou atrapalhando, mas sempre se divertindo. No modo Bowser’s Fury, o multiplayer tem uma carinha de Odyssey, pois o segundo jogador toma o controle de Bowser Jr., nunca sendo estritamente necessário, porém ajudando muito em algumas sessões e na coleta de itens. Uma ótima chance para pais ajudarem seus filhos sem parecer que estão se intrometendo demais.

A escolha de não esconder a expansão atrás de horas do jogo base também é bem-vinda. Ambas as campanhas podem ser vistas como jogos diferentes, selecionadas logo no menu inicial. No final das contas, uma complementa a outra muito bem.