Alguns de vocês podem ter reparado que eu fiquei mais de um mês sem postar, à principio quero explicar que o que aconteceu foi que, meu modem havia queimado e a substituição foi feita somente semana passada, então peço desculpas aos leitores e aos outros membros do blog por isso.
Durante esse tempo eu não pude ver muitas noticias sobre o mundo dos games em geral, mas algo que me chamou muito a atenção foi o caso do vale cultura que gerou muita revolta na comunidade gamer.
Para quem não está ciente do que é isso vou explicar.
A ministra da cultura Marta Suplicy, que já foi prefeita de São Paulo entre 2000 e 2004, depois de muitas pesquisas feitas pelo governo percebeu que as classes baixas tem pouco acesso a cultura, muitas famílias vão ao cinema somente uma vez ao ano, não vão à shows, museus leem poucos livros, quando leem. Isso afeta não só os mais pobres, como grande parte da classe média também.
Para mudar essa situação o governo pretende lançar o vale cultura, um beneficio acumulativo de 50 reais ao mês, que qualquer um que ganha até cinco salários mínimos tem direito. Quem estiver credenciado ganha um cartão que poderá ser usado em estabelecimentos credenciados.
O valor de cinquenta reais na minha opinião é muito baixo, se uma família de três pessoas for a um cinema no fim de semana, só os ingresso podem passar de cinquenta reais, os preços dos museus variam de R$ 12,00 para os mais sem graça, se você quiser ir num MASP ou algum museu grande a entrada pode chegar à R$30,00 por pessoa, então fica difícil, ir em um show, nem pensar até porque as famílias mais carente normalmente são grandes. Claro que todo estabelecimento cultural oferece algum dia de preço reduzido, mas sempre durante a semana, quando os adultos trabalham e mesmo com meia entrada ficariam caros.
O grande problema começou quando, em uma comitiva de imprensa para explicar como funciona o beneficio, a ministra afirmou que o beneficio não cobriria jogos de video game, dizendo que “video-games não são arte”.
Esse foi o gatilho para uma revolta geral na comunidade que chegou até a fazer abaixo assinado para adicionar os jogos no beneficio, muitos argumentaram que jogos são sim cultura, porque tem musica, arte gráfica, conta historias e etc, aqueles mesmos argumentos que uma criança usa para tenta convencer que tem mente adulta só porque joga video games.
Claro que algumas pessoas importantes entraram no meio e resolveram convencer a ministra sobre seu ponto de vista, como a Square Enix que mandou uma carta junto com uma cópia do livro de artes do Final Fantasy e um CD com as musicas orquestradas da franquia, esquecendo claro do jogo em si.
E é claro que quem foi entregar isso pra Marta foi o Moacyr Alves. Não lembra dele? É aquele cara que tinha feito o jogo justo, que depois virou a Acigames.
Além disso a Acigames vai entregar( ou já entregou possivelmente) O livro do Assassin’s Creed junto com o jogo, claro que esqueceram que provavelmente ela não tem um console de video game, e se ela por ventura conseguir jogar o Assassin’s Creed o máximo que ela vai fazer é achar o jogo muito violento o que pode piorar a situação.
Mas a questão é: será que vai mudar alguma coisa ter jogos no beneficio? O povo tá se focando demais no tentar provar que video games são arte e estão esquecendo da própria realidade que vivemos! A própria declaração da ministra leva a um tapa na cara dos gamers que não percebem que no Brasil tem muita gente que ainda não dá a minima para video games.Video Games sempre foram caros e pouco acessíveis então se alguém quiser comprar um jogo com o beneficio, a pessoa vai ter que acumular três meses e só vai poder comprar um jogo. Além disso a pessoa precisa necessariamente de um console, que como todos sabem podem passar de mil reais( a não ser que você possa ir em algum centro comercial como a Santa Efigênia, daqui de São Paulo, tem lojas onde o 3ds XL está por R$ 800,00 uma diferença enorme no preço em lojas oficiais que é de R$1200,00 mesmo assim é caro, só pra ter uma ideia) e muitas famílias não podem dispor de uma quantia tão grande só para um aparelho. A culpa do preço tão alto é sim do governo, não é das lojas como muita gente diz, os comerciantes as vezes tem lucro de menos de 1% sobre esse tipo de produto.
Outro ponto que deve se levar em conta é que a comunidade gamer, segundo a pesquisa da própria acigames 50% dos jogadores não trabalham, e pouco mais de 20% tem carteira assinada( que são para esse tipo de pessoa que o vale cultura é destinado), o que é um tiro contra essa causa.
Jogos por Download não poderiam ser usados no beneficio por que normalmente usam-se cartões de credito, muitas vezes internacional pra se fazer a compra do mesmo.
Mas o ponto chave é: quem vai ganhar com isso? As produtoras distribuidoras e etc, empresas do exterior, as empresas nacionais de jogos são muito pequenas e o ramo da área ainda é pequeno, não existe nenhum jogo nacional que tenha expressão como um filme tem no país. o Que eu quero dizer é para a comunidade parar de tentar dar um passo maior que a perna tem muita coisa pra ser feita para que os jogos se tornem acessíveis e ganhem a reputação e importância no país como tem no exterior.
É isso que a Acigames devia estar tentando fazer. Quando o jogo justo foi criado, tinha tudo para dar certo, eles tinham informação e contatos para mudar isso, o próprio Moacyr Alves declarou no twitter no fim do primeiro ano do projeto que eles tem tudo o que precisam e que do próximo ano não passava. Passaram-se quase quatro anos e nada, o Jogo Justo virou a Acigames e a partir disso não se sabe de nada o que eles estão fazendo, tudo o que se vê é ter cada vez mais o Acigames proibir sites e blogs que criticam alguma ação deles de citar ela e cada vez mais “dia do jogo justo” com os mesmos problemas de sempre, falta de jogos, problema na administração,só poder comprar um jogo( se for comprar mais de uma copia de um titulo eu até entendo, mas impedir quem pode de comprar mais de um jogo é forçar a barra) somente um ou dois jogos por console e somente expressivos de PS3 e Xbox, digo isso porque, se colocassem qualquer pokémon lá no meio com preço reduzido iria vender que nem água, fora o clássico permitir que crianças comprem jogos acima da faixa etária.
A unica coisa que o Moacyr Alves fez de expressivo atualmente foi o “caso das bananas”:
Ele ganhou um cargo no governo ( o que é lindo, ganhar um cargo sem ser eleito), e após alguns dias concluiu que jogos por download como os da Steam, Origin, eShop e etc são ilegais no pais, porque não tem legislação sobre eles país, ou seja, se não tem legislação sobre plantar bananas, logo plantar bananas é ilegal, assim sendo o povo entendeu que ele queria taxar o Steam, na verdade ele queria criar servidores nacionais “para criar empregos” ( claro que não ia ser muitos). Para mim o que aconteceu é que ele foi mordido pelo bichinho do governo e se esqueceu que a intenção dele era baixar a carga tributaria, porque somente assim ele pode se dar ao luxo de tentar argumentar em tornar os jogos algo para entrar no vale cultura, e bem pelo que estamos vendo, ele está falhando miseravelmente.
Por André GS