Vamos analisar um jogo que é praticamente uma lição contra fanboys, já que ele foi publicado pela Warner Bros Games. A Warner é detentora da DC Comics, “rival” da Marvel no mercado. É também o mais recente lançamento da franquia Lego de jogos de ação/aventura baseado em universos ficcionais de outras empresas.
Lego Marvel Superheroes foi lançado em praticamente todas as plataformas atuais, com versão até mesmo para o Nintendo DS. Mas vale lembrar que o jogos nos consoles portáteis é diferente, e recebe o subtítulo Universe in Peril. Não é o primeiro jogo Lego que diferencia a versão portátil da versão dos demais consoles e pc, mas é a primeira vez que essa diferença é reforçada no título do jogo, talvez uma estratégia diferente para que os jogadores queiram comprar as duas versões.
A principal diferença desse jogo para os demai sda franquia Lego é óbvia: é um jogo ambientado no universo Marvel. O mundo aberto dessa vez é nada menos que New York, New York… e a cidade conta com diversos pontos que existem na realidade, como a Estátua da Liberdade (que tem importância numa parte do enredo), Empire State, Central Park e até o prédio da Marvel. Claro que também conta com lugares específicos daquele universo, como a Torre Stark, o QG do Quarteto Fantástico, o Clarim Diário, etc. Vale a pena passear pela cidade, procurando quests, blocos amarelos e essas coisas. É legal também ver a cooperação das pessoas quando você rouba o carro delas! O lugar que serve de “hub” é o “porta-aviões aéreo” da Shield. Lá possui algumas poucas quests, mas também é o lugar onde desbloqueia as coisas através dos blocos vermelhos, acessa as fases para jogar no modo livre, monta seu próprio personagem e etc.
Para conseguir atingir uma parcela maior do mercado, os produtores decidiram que essa ambientação em grande parte deve se basear naquilo que foi mostrado nos filmes. O resultado ficou muito bom e, para terem uma ideia, o jogo conta com o personagem Phil Coulson dublado pelo próprio ator Clark Gregg! E tem até referência a uma outra obra cinematográfica só por causa do intérprete de Nick Fury no cinema…
Tudo começa com Galactus, o devorador de mundos, comendo suas coisas pelo espaço. Com fome, ele manda o Surfista Prateado procurar alguma cosia para ele comer. Surfista chega na terra e é abatido por supervilões que estão atrás de peças cósmicas… Doutor Destino quer construir o seu Doctor Doom’s Doomray of Doom (esse nome só tem graça em inglês) e, com os vilões unidos, os heróis dessa vez terão mais trabalho que o normal. Com direito ao Homem-Aranha pedindo para os outros perseguirem o Duende Verde por ele porque ele precisa estudar pra prova, explicar pra namorada o motivo dele sempre atrasar pros encontros e outras coisas de Peter Parker. Uma coisa interessante nisso tudo é que o jogo procurou um certo equilíbrio entre os personagens, que não é perfeito e tem sim um desbalanceamento, mas é difícil encaixar tantos personagens de forma que cada um fique com o mesmo grau de destaque.
O jogo visivelmente deu um salto de qualidade em alguns aspectos. Os movimentos dos golpes estão melhores do que nunca, alguns com toques bem cômicos, e quando você consegue acertar golpes seguidos, é possível ver indicadores de combo, como um x2, de forma semelhante a alguns jogos de luta. Espancar inimigos de repente ficou mais divertido do que já era! Além disso, esbarrar em pessoas na rua, atropelá-las ou simplesmente passar por elas pode fazer com que elas falem, e não apenas acenem como antes. E há inclusive fala retirada de filme… “Super-heróis?! Em Nova Iorque?”
Existem, é claro, mais diferenças em relação aos jogos anteriores da franquia Lego. Por exemplo, os blocos vermelhos agora são blocos do Deadpool. O mercenário tagarela faz diversas participações especiais nesse jogo, como guiar o jogador em uma quest secundária no mundo aberto, mas também possui fases especiais, onde em cada uma é possível encontrar um bloco vermelho do Deadpool e alguns personagens são desbloqueados. Cada bloco vermelho desabilita para compra alguma função que pode ser ativada como o detector de minikits ou chapéus de festa. Para desbloquear cada fase é necessário ter um número mínimo de blocos de ouro, e então encontrar na cidade os locais onde se monta a entrada para a fase.
Para quem ainda não está familiarizado com o estilo do jogo, tanto nas fases quanto no mundo aberto você coleta peças de lego que servem de moeda (em inglês usam a palavra “stud”). Essas moedas servem para comprar os personagens, veículos e tudo mais que você desbloqueia, pois é preciso adquiri-los depois de serem desbloqueados para que possam ser usados. Eu comentei na análise do Lego Senhor dos Anéis que estava mais difícil juntar as “moedas”, pois nesse quesito a coisa está bem mais fácil nesse jogo, principalmente no endgame. Os bônus multiplicadores que você consegue desbloquear com os blocos do Deadpool são cumulativos, então se nesse jogo é mais fácil conseguir moedas, imagine juntando todos os bônus e multiplicando o valor por 2, 4, 6, 8 e por fim por 10… mas não se preocupem, isso só se torna fácil quando o único desafio é acumular peças pra desbloquear mais coisas, e garanto que não estraga a experiência de jogo geral.
Cada fase possui 10 minikits que devem ser coletados para desbloquear alguma coisa, o que não é novidade, porém a novidade é que eles desbloqueiam… páginas de quadrinhos que “resumem” o que foi a fase. Quadrinhos com estética Lego. Parece legal, mas na verdade é decepcionante porque não têm nada de mais. Claro, não frustra o jogador ao ponto dele deixar de se importar em coletar os minikits (ou talvez frustre se for um jogador bem casual), mas ainda assim poderia ser algo que valesse mais a necessidade de replay, até porque é impossível desbloquear tudo de uma fase jogando apenas o modo história.
O jogo possui um número muito grande de personagens, mas, ainda assim, isso poderia ser melhor trabalhado. Sinceramente, não vi necessidade para tantas variações do Homem de Ferro. Pelo menos também marcam presença no jogo alguns personagens que são muito menos conhecidos, como Howard, o pato. Tem também um número bom de veículos em geral, mas parece que barcos ficaram escassos nesse jogo. Talvez porque jogadores em geral prefiram voar… mas mesmo assim, seria interessante ter um número maior desse tipo de veículo
De resto, não há grandes diferenças na jogabilidade em relação aos jogos Lego anteriores. Se você ainda não conhece, a receita é simples: você sai por aí com os personagens estilo Lego andando em um mundo feito de lego, resolvendo puzzles e derrotando inimigos de lego, sem contar os chefes de lego em cada fase. Claro, tela de loading e cutscenes ao melhor estilo Lego também. Cada personagem conta com habilidades diferentes, então para avançar nas fases você deve explorar essa variação, mas esse (e os outros jogos da franquia) nunca apresentaram um desafio complicado. Na verdade, ele até diz o que deve ser feito. Não chega a ser decepcionante, até porque a proposta da franquia nunca foi fazer jogos muito desafiadores em termos de dificuldade.
O jogo segue inclusive com uma característica que eu considero muito importante na franquia: o multiplayer local. Ele permanece da mesma forma dos jogos anteriores, com tela dividida quando os personagens estão separados ou em mundo aberto, mas com possibilidade de resolver isso no Wii U graças ao Gamepad que pode servir de tela, etc. Sem multiplayer online, entretanto. É, ficou faltando.
Veredito
Em termos de enredo, não é o melhor jogo Lego. Mas consegue, na mais humilde opinião desse que vos escreve, ser o mais divertido de todos. Provavelmente por ser o jogo mais recente, logo ter sido feito com mais recursos, o que gera uma expectativa em cima dos próximos jogos para que eles venham sempre sendo mais divertidos. Assim como Lego Batman 2 deixou o jogador na expectativa de um Lego Batman 3 ou Lego Liga Justiça, esse jogo nos deixou na expectativa de um Lego Marvel 2, e mostra que, mesmo que não haja continuações, ele acertou em cheio mais uma vez ao explorar muito bem o universo que se propôs a explorar.
E o jogo fez muito sem mudar sua essência de jogabilidade, agradando quem já era fã da franquia. Se você jogou qualquer outro jogo Lego, vai saber jogar esse, precisando apenas aprender detalhes específicos, mesmo que seja um jogador casual que não conheça outros jogos do gênero. Sem falar que também não terá muitas dificuldades para aprender se nunca tiver jogado, e também com certeza lhe agradará mesmo se você não conhecer o universo Marvel.
Jogabilidade – 8/10
Som – 10/10
História – 8,5/10
Carisma – 10/10
Nota Final – 9,3/10