A franquia de Super Mario Bros começou de forma tímida, com um sucesso que não era tão esperado pelos seus criadores. Quando tomou forma e ganhou toda a fama que tem até hoje, a Nintendo não desperdiçou a chance de trabalhar cada vez mais com Mario e Luigi. Super Mario Bros 3 veio nesse embalo e trouxe para o Nintendinho um clássico da história do video-game que até hoje é considerado um dos melhores games de todos os tempos. Nossa Máquina do Tempo viaja para a época das plataformas, onde Super Mario Bros. 3 liderava absolutamente tudo.
Nasce um dos maiores clássicos
O processo de criação de Super Mario Bros 3 começou em 1986, cerca de dois anos antes do seu lançamento. Na liderança do projeto estava Shigeru Miyamoto, desta vez com uma equipe de dez pessoas para desenvolver o game. Ele esteve ligado diretamente desde a fase conceitual da produção, quanto nos estágios finais de desenvolvimento, dando liberdade para que todos pudessem dar ideias e modificar alguns aspectos, já que considerava ideias originais e intrigantes um caminho para um jogo de sucesso.
Projetado para ser um game para jogadores com habilidades diferentes, Super Mario Bros 3 teve fases mais fáceis e com bastante moedas e vidas no começo. No entanto, a equipe queria que o jogador evoluísse junto e, por isso, foi dificultando os estágios a medida que o jogo avançasse. Além disso, novos power-ups foram adicionados ao jogo, e muitas fases foram elaboradas para que esses poderes fossem bem aproveitados nelas.
Os gráficos dos personagens foram criados a partir de um sistema novo, o que possibilitou a criação de uma série de novas formas que foram usadas no jogo. Essa galeria de formas é unida através de um código de programação, fazendo com que as imagens apareçam completas e em tempo real. Para melhorar o desempenho, o cartucho do jogo também utiliza um controle de memória customizado, chamado MMC3. Com isso o console aumentava a RAM para o sidescrolling, tijolos animados e outras melhorias gráficas.
Nos EUA, o jogo levou mais dois anos para ser lançado, por diversos problemas técnicos. Com isso, a Nintendo viu uma oportunidade de promover o game através de um filme (sim, um filme). Em 1989, Tom Pollock, da Universal Studios, entrou em contato com a Big N para fazer um filme baseado em Tommy, só que para um público mais jovem. O longa também foi inspirado nas grandes competições que a Nintendo promovia naquela época, e é algo que aparece em Tommy, quando o personagem principal disputa um campeonato de pinball. Dessa parceria, surgiu o filme The Wizard (O Gênio do Video-Game, no Brasil), que acompanha dois irmãos que estão tentando chegar sozinhos até uma competição de video-games. Um deles tem autismo e é um gênio dos jogos e ao longo do filme, podemos ver inúmeros jogos da Nintendo e também produtos licenciados.
Os reinos estão em perigo
O enredo de Super Mario Bros 3 não foge muito à regra do que os outros games. A história se passa mais uma vez no Reino do Cogumelo, um lugar de paz e tranquilidade, que vive assim graça as façanhas dos irmãos Mario e Luigi. O problema é que o Reino é uma porta de entrada para o Mundo do Cogumelo, que não anda tão bem assim quanto sua entrada.
A culpa é do vilão Bowser, que mandou seus sete filhos para fazer diversas “travessuras” e arruinar a tranquilidade de todos. Os pestinhas roubaram as varinhas mágicas de cada país e as utilizaram para transformar os reis em animais. Agora os dois irmãos precisam partir em busca das varinhas e derrotar os inimigos, para trazer novamente a paz ao Mundo do Cogumelo.
Durante o trajeto, a princesa Peach (Toadstool) manda cartas e itens especiais para ajudar na jornada dos dois. Mas quando todas as varinhas são recuperadas, eles descobrem que a princesa foi sequestrada por Bowser e que o vilão a levou até o seu próprio reino, conhecido como Dark Land. Eles partem para o reino maligno e derrotam Bowser em seu próprio castelo, conseguindo resgatar Peach e salvar todo o mundo novamente.
Novidades a mil
Super Mario Bros 3 é um jogo de plataforma em duas dimensões e com a tela de rolagem. O jogador controla um dos protagonistas alternadamente, Mario ou Luigi. Apesar de manter uma semelhança bem grande com o estilo de jogo dos games anteriores da franquia, ele possui bastante elementos novos. Além dos movimentos clássicos, como correr e pular, o personagem agora pode escorregar pelas ladeiras, pegar e atirar blocos especiais e tem liberdade para subir e descer os cipós. Além disso, com os novos power-ups, também é possível voar e flutuar.
Cada reino serve como um “game world”, que é dividido por níveis de forma temático. Por exemplo, em Desert Land, existem diversas piramides e areia, enquanto no reino Giant Land, os obstáculos e os inimigos tem pelo menos duas vezes o tamanho normal. Ao final dos oito mundos, existe o mundo final, que é Dark Land e é regido por Bowser. O jogador navega por duas telas diferentes, uma da escolha de fase e a outra dentro da própria fase.
O jogo possui diversos caminhos e fases para se escolher, mas todas as sete primeiras fases finais são em um navio voador, que pertence a cada um dos Koopalings. Já no oitavo mundo, o jogador entra no castelo do Bowser e precisa enfrentá-lo ali mesmo. Além das fases normais, o jogo apresenta diversos mini-games, que dão itens especiais e outras variações, como portas trancadas ou pedras, que trancam o caminho e só podem ser desbloqueadas com chaves ou picaretas. Uma novidade do jogo é a possibilidade de guardar os itens ganhos em mini-games e utilizá-los em qualquer momento do game.
Um dos grandes diferenciais de Super Mario Bros 3 ficou por conta da adição de vários novos power-ups. Além dos clássicos Super Mushroom e Fire Flower, o jogador também pode utilizar a Super Leaf, que dá a habilidade de voar, e o Tanooki Suit, que faz com que o personagem se transforme em um guaxinim, podendo também voar e se transformar em pedra, se defendendo por um tempo limitado. A habilidade de se tornar pedra, quando combinada com um pulo, serve como ataque e foi o início da criação do movimento “Ground pound” (também conhecido como bundada). Também é possível utilizar a Frog Suit, que deixa o personagem mais ágil na água e pula mais alto na terra e a Hammer Suit, que faz com que o personagem se pareça com um dos Hammer Bros. e possa atirar martelos ou ficar imune ao fogo quando abaixado.
McDonald’s maroto
- Inicialmente, Mario iria se transformar em um centauro. No fim, a ideia foi mudada para o famoso Raccoon;
- Vários novos inimigos foram adicionados ao jogo, mas alguns receberam melhorias, como os Goombas, Hammer Bros e Koopa Troopas;
- Os Chain Chomp foram inspirados em um momento ruim que Miyamoto teve com cachorro em sua infância;
- Os Koopalings (filhos do Bowser) foram inspirados em sete programadores do jogo, cada qual com seu estilo e personalidade. Isso foi uma homenagem de Miyamoto aos esforços deles;
- A Nintendo of America deu o nome dos Koopalings em referência a músicos e musicitas. Por exemplo “Ludwig von Koopa” e “Roy Koopa” foram nomes em referência a Ludwig van Beethoven e Roy Orbison, respectivamente;
- Em setembro desse ano, Miyamoto revelou que toda a história de Super Mario Bros. 3 se passa em uma peça de teatro;
- No modo multiplayer é possível acessar um remake do Mario Bros original;
- Com o sucesso do jogo, o McDonald’s lançou diversos brinquedos para promover o game;
- A versão americana sofreu mudanças para que se tornasse mais fácil em relação a japonesa;
- Existem diversas fases que foram deletadas da versão final do jogo, mas que estão no cartucho e podem ser acessadas com o Game Genie e a inserção de códigos;
- Algumas ilhas do jogo formam a reprodução do Japão;
- O rei do terceiro mundo tem um aspecto extremamente semelhante com Mario;
- Todos os jogos da franquia possuem um macete para ganhar vidas. Nesse, logo na primeira fase é possível quicar sobre cascos para ganhar o número máximo de vidas;
- Na versão americana, quando o jogador encontra a princesa no final ela fala uma frase mais descontraída: “Obrigado, mas a nossa princesa está em outro castelo… Brincadeira Ha Ha! Bye Bye”.
O clássico dos clássicos
Jogar Super Mario Bros sempre foi algo prazeroso e também desafiante. Não é a toa que o terceiro game da franquia se destacou muito em relação ao seus outros companheiros de saga e também de gênero. O sistema de plataforma era o que comandava na época, mas era preciso inovar também dentro desse tipo de jogo e foi justamente o que Super Mario Bros 3 fez.
O avanço tecnológico e gráfico teve um papel fundamental nesse aspecto. A melhora do visual das fases e principalmente dos personagens foi uma melhora extremamente positiva. A inclusão de novos power-ups, com características especiais e visuais muito bem trabalhados foi o ápice dessa nova mudança e alvo de coleção dos jogadores (todo mundo queria jogar de racoon ou frog). Em conjunto com isso, a trilha sonora composta por Koji Kondo é sensacional e deixa muita nostalgia até hoje.
Os controles simples continuavam, mas agora não bastava apenas correr e pular para superar os desafios. O método de progressão do jogo foi um acréscimo importante para conquistar fãs com diferentes níveis de habilidades. As fases poderiam deixar os jogadores presos por algum tempo, passando raiva, mas não é algo que o faça querer deixar de jogar.
Super Mario Bros 3 foi um sucesso estrondoso, tanto de crítica quanto de vendas. E muito mais do que isso, deixou um legado enorme. Muito do que surgiu da mente criativa de seus desenvolvedores é utilizado até hoje em outros jogos da franquia. E não podemos esquecer de Super Mario Maker, que possibilita relembrar os bons momentos desse jogo, de acordo com a vontade do próprio jogador. É um clássico que precisa ser jogador e apreciado, pois o gostinho de “quero mais” nunca vai acabar.