Em nosso último Papo de Gamer, falei um pouco sobre como a indústria independente, ou melhor, sobre como desenvolvedores de empresas consagradas estão se destacando no mercado de games trazendo o que a indústria tinha de melhor em gerações passadas, enquanto vemos um certo marasmo nas grandes empresas de games.
Esse tipo de tendência alternativa muitas vezes mostra a “Crise no Mercado de Games”, que dentre vários outros aspectos já comentados aqui no Papo de Gamer, parece não se importar de fato com os jogadores, entregando produtos de qualidade duvidosa.
Porém, cabe refletir em alguns pontos sobre essa “Crise”: ela realmente existe, ou seria apenas um “mimimi” de jogadores das antigas? Falta inovação, ou seria apenas essa uma “tendência” passageira? Não seria um retrocesso apelar para as velhas mecânicas que estão se destacando nos projetos citados lá na última coluna? E onde a Nintendo entra nessa história?
A tal crise no mercado AAA…
Não se ofenda com a ironia do subtítulo. Temos e ao mesmo tempo não temos uma crise. Por um lado, as vendas de games cresceram num nível até então inimaginável para quem começou suas jogatinas há vinte anos atrás. É só pensarmos em casos como GTA V que alcançou a marca de 1 bilhão de dólares em três dias de lançamento em 2013.
Por outro lado, o que podemos considerar uma “Crise” é na questão criativa, como falamos em outras ocasiões no Papo de Gamer. Com orçamentos cada vez mais altos, o que por tabela leva a riscos de igual tamanho, muitas empresas evitam se arriscar atualmente com novas IPs ou fazer mudanças drásticas em games já estabelecidos. Isso sem contar os inúmeros games que apresentam mais do mesmo, com poucos atrativos reais.
Splatoon, junto com outros lançamentos recentes de outras plataformas, é um tapa na cara sobre a falta de originalidade na indústria de games. |
E para completar o pouco risco, ainda temos uma outra vertente polêmica entre os gamers: o mercado mobile. O crescimento de games e vendas voltados para Smartphones e Tablets tem sido impactante o suficiente para que grandes desenvolvedoras passassem a se dedicar em projetos que rendam mais lucros com poucos custos. Foram os casos recentes da Sega e da Konami, que deixaram o mercado de games para investir em Mobile… E da Nintendo, que fez uma parceria com DeNA para seus jogos mobile como um paralelo ao mercado de consoles.
Não achei em português, mas dá pra entender a mensagem, certo? |
O peso da influência dos jogadores
Todas essas discussões acerca da qualidade ou falta dela nos jogos atualmente estão relacionadas diretamente com as preferências e o poder atual de influência dos jogadores na maneira como os jogos são feitos hoje em dia. Longe de conversas sobre “Haters vs. Fanboys”, que particularmente acho um saco e que não levam a lugar algum, o pensamento geral é de que os gamers possam desfrutar de experiências com o máximo das capacidades tecnológicas de consoles e computadores, com ideias capazes de explodir suas mentes com a surpresa, ou suprir as necessidades quase insaciáveis do passado.
Eu gosto da ideia de que os jogadores possam dizer e mostrar o que está errado na indústria, afinal ela é sustentada com vendas, vindas dos próprios jogadores. Porém, quando vemos posicionamentos cegos, quase ditatoriais, quanto à maneira como um game deve ser feito por parte dos jogadores, chegando ao nível de ameaças a desenvolvedores; ou as próprias grandes empresas não apostarem em algo novo devido a essa “zona de conforto” que os jogadores insistem em se colocar, é compreensível o estado em que o mercado se encontra.
Podemos colocar a Nintendo nesse patamar atualmente. O Wii U não tem as mesmas vendas dos outros consoles da atual geração, faltam diversos multiplataformas devido a falta de potencial de hardware para ports satisfatórios, e por mais que franquias como Mario, Zelda, e Donkey Kong sejam grandes chamarizes, faltam mais títulos que justifiquem sua compra em relação aos demais. Discutimos aqui mesmo no Papo de Gamer sobre alguns jogos que poderiam voltar com tudo no Wii U e dar aos fãs o que eles merecem e precisam. E ainda rola um certo temor por parte dos jogadores “hardcore” com a entrada da Big N no mercado mobile e o anúncio da misteriosa plataforma NX, que não se sabe se é um novo console, um periférico…
Então, o que fazer? Pararmos de sermos exigentes? Não levar os games tão a sério? Montarmos nossos próprios estúdios “e fazermos melhor que esses incompetentes dos grandes estúdios”? Nenhuma dessas e continuar reclamando internet afora?
Por games que valham a pena
Só alguns exemplos de qualidade sem precisar de muito. |
Discussões sadias que levem a boas soluções por parte do mercado são uma das maneiras mais efetivas de enxergar as mudanças acontecendo, e demonstrar apoio quando tais atitudes começam a ser tomadas. Não é mentira quando se falam que a indústria Indie, por exemplo, livre de grandes orçamentos e investidores sem conhecimento real do mercado, procura inovar de diversas maneiras, posteriormente usadas pelo mercado mainstream. Então porque não demonstrar seu apoio contribuindo com opiniões bem pensadas, ao invés de asneiras ou discursos de ódio? Os próprios Game Designers de renome estão trabalhando nisso, não custa mostrar seu apoio procurando um mercado melhor para todos, não apenas para você.
E você, o que acha ser a Crise no mercado de Games? Deixe nos comentários, vamos fomentar a discussão. Até a próxima!