Entrando no seu 13º mês de vida com o pé direito, o Switch deixa de lado todas as superstições de azar e mostra em números e expectativas que veio para ficar, sem a necessidade de fazer parte da briga de “quem tem a resolução mais alta ou o maior poder de processamento”. O console híbrido criou uma nova categoria e tomou posse do seu espaço com glória, espaço esse que deve ser exclusivo por um longo tempo.
A proposta do Switch une todos os temperos que deram certo nos consoles anteriores, só que dosados na medida certa. Um controle de movimentos é maravilhoso, desde que os jogos não te obriguem a usar ele em TODAS as ocasiões, o mesmo vale pra tela sensível ao toque e giroscópio. Nós, jogadores e consumidores, queremos que os recursos aprimorem a experiência do jogo, não que nos limitem a jogar somente daquela maneira, com exceção, é claro, de jogos de nicho que precisam desses recursos, como Just Dance, por exemplo, que obviamente não dá pra jogar no analógico. Na essência do console em hardware e software, podemos ver que a Nintendo amadureceu todo o seu conservadorismo e abraçou novas tendências sem comprometer o legado da marca.
Essa filosofia do console pode ser vista também em dois dos seus jogos mais vendidos (e melhores avaliados) até agora: Zelda Breath of the Wild e Super Mario Odyssey.
Jogar Breath of the Wild é como um sonho de infância que nunca acaba. Nós podemos ultrapassar os cenários fechados de Ocarina of Time, podemos apreciar o horizonte do mapa gigantesco como não podíamos fazer em The Legend of Zelda. O jogo é tão bem trabalhado que podemos encontrar elementos de todos os outros jogos da série, que se misturam perfeitamente com novas mecânicas de jogo, isso tudo sem causar nenhum tipo de estranheza para o jogador mais experiente e muito menos para os novos jogadores. A forma como você lida com a história e com os acontecimentos no jogo moldam a SUA aventura, moldam o seu próprio desafio, seja ele apenas seguir o script ou até mesmo terminar todas as shrines com apenas 3 corações. Tudo que sonhamos para Zelda, em seus mais de 30 anos e 30 jogos e spinoff’s, pode ser encontrado em BotW e ainda muito mais.
Em Mario Odyssey temos uma ideia similar executada de maneira diferente, elementos trazidos de todos os jogos anteriores com um infinito de possibilidades novas, criando uma aventura que ultrapassa o mais distante do nosso imaginário. Eles usaram mais uma vez ferramentas que já tinham disponíveis e criaram um jogo completamente novo e reinventado. Em Mario Odyssey, assim como em BotW, todas as possibilidades estão nas nossas mãos, ligando diretamente com a proposta do console em si. A maneira como você joga só depende de você, seja adulto, criança, caseiro ou mochileiro, o Switch vai te acompanhar em qualquer estilo de vida!
Nadando contra a maré do mercado.
Após os péssimos resultados do Nintendo Wii U muitos achavam que a Nintendo entregaria as cartas e se juntaria aos seus concorrentes oferecendo mais do mesmo e brigando por quem é mais forte. Uma solução muito comentada seria começar a pulverizar o direito das franquias para as outras marcas e aos poucos ir saindo da linha de frente dos jogos, muitos boatos circularam dizendo que talvez a BIG N poderia vender Zelda para a Sony e Mario para a MS e vice-versa, rumor que tomou mais força depois que própria Nintendo anunciou que tinha interesse em entrar no mercado de jogos mobiles e que o único concorrente real do 3DS eram os próprios smartphones e tablets, tendo em vista que esses aparelhos sempre estão nas mãos dos consumidores e oferecem muitos outros recursos que vão além de jogar.
O anúncio do Switch foi uma bomba e uma grande surpresa para todos os tipos de jogadores. A Nintendo evoluiu com o seu público, ela conhece o seu terreno e entregou em nossas mãos um produto que não sabíamos que era necessário até aquele momento. Um console que se adapta as nossas necessidades, que atinge os dois tipos de consumidores ao mesmo tempo, os que preferem jogar em telas grandes sentados no sofá e os que não abrem mão de sair de casa sem um portátil na mochila, abocanhando parte do mercado de consoles e monopolizando o mercado de portáteis (RIP PSVita, infelizmente) e, dando mais possibilidades do que qualquer outro videogame disponível.
O lançamento “tímido” foi recebido de forma extraordinária, pelos consumidores, lojas e até mesmo pelos estúdios. Por mais de três meses foi impossível encontrar o Switch nas prateleiras, em algumas cidades do Japão pessoas dormiam na fila para pegar senha e conseguir comprar o seu, ainda que houvessem poucos jogos disponíveis o sucesso do console foi inevitável, assim ganhando visibilidade para estúdios que nunca trabalharam com a Nintendo, (vide Bethesda com Skyrim e o port magnífico de DOOM), assim como para estúdios que decidiram voltar.
Hoje com um ano de “vida” o Switch já ultrapassou as vendas totais do Wii U, Zelda BotW ganhou merecidamente o prêmio de Jogo do Ano (GOTY 2017) e a Nintendo já confirmou presença gigantesca de volta na E3 2018. Os jogos exclusivos são aclamados pelos críticos e os lançamentos AAA já estão se tornando mais comuns e promissores.
E para o futuro? O Switch não é sucessor direto do 3DS e os lançamentos de jogos para os dois consoles mostra que a Nintendo ainda pretende alimentar o “irmão de duas telas” por um tempo considerável. No Switch já temos um calendário interessante de lançamentos, como por exemplo: Metroid 4, Bayonetta 3 e o Remaster de Dark Souls (pela primeira vez num Nintendo), além disso vimos há pouco o lançamento do controverso “Nintendo Labo” que mostra que as equipes de pesquisa estão trabalhando duro para criar ainda mais possibilidades para o Switch, quem sabe não veremos um Switch VR em breve.
Concluo citando Shuhei Yoshida, presidente mundial da Sony Interactive Entertainment, em entrevista para a Famitsu em outubro de 2017. Quando questionado para falar sobre o Switch, Yoshida disse:
“É bom ter várias empresas oferecendo jogos divertidos com abordagens diferentes, porque isso leva a uma revitalização da indústria como um todo. Na verdade, como o Nintendo Switch continua a vender, parece que as vendas de consoles como um todo também estão crescendo. Graças a isso, os editores têm mais opções para oferecer conteúdo, e os usuários podem desfrutar de uma variedade de jogos que se adequam ao seu estilo de vida.”