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Análise: Captain Tsubasa: Rise of New Champions

Os games de futebol provavelmente já ocupam um espaço satisfatório na mente e na prateleira dos gamers. Há quem ame FIFA, há quem ame PES, mas independente de suas escolhas, eles amam futebol. Captain Tsubasa: Rise of New Champions ironicamente bebe da mesma fonte que os jogos que eu citei, porém despreocupado em competir com eles e sim bastante preocupado em honrar o que foi o anime de sucesso baseado no tão amado esporte.

A análise de hoje contará para você, amante de futebol e anime dos anos 90, as razões pelas quais Captain Tsubasa: Rise of New Champions é uma ótima escolha tanto para quem é saudosista quanto para quem só quer ver o esporte de outra ótica.

Esta análise só foi possível graças a chave gentilmente fornecida pela Nintendo. Sem mais delongas, vamos a ela!

História

Para quem assistiu o anime, a história principal é uma visita aos tempos de TVs de tubo com o anime Super Campeões. Captain Tsubasa é o nome original da obra, que claramente fala a respeito das aventuras de Oliver Tsubasa, tratado no game como Tsubasa Ozora, já que no Japão o sobrenome fica na frente e provavelmente o “Oliver” foi uma adaptação para a obra funcionar no Ocidente.

A história principal chamada de “A Jornada” conta com capítulos que mostram a trajetória de Tsubasa e seu time Nankatsu, ganhando espaço em pequenos torneios por todo o Japão até terem a oportunidade de se destacarem em eventos cada vez maiores e com adversários mais poderosos. Apesar de eu não ter revisitado recentemente o anime, sei que várias partes da jornada trazem trechos específicos do que vimos nas telas, mas com uma releitura bem bacana, com bastante conteúdo e surpresas para desfrutar durante toda a trama.

A Jornada possui dois capítulos, um chamado Episódio: Tsubasa que foca nos desafios do camisa 10 e seu time e outro chamado Episódio: Novo Herói, uma história original a qual você se esforça para conquistar o mundo.

Os diálogos são longos mas isso não é ruim de maneira alguma. Os campos e as partidas são o ápice de toda a trajetória, talvez nem o mais importante dela, o que faz os diálogos serem extremamente importantes para o contexto e motivação de todos. O fato de este jogo ser o primeiro da série em português brasileiro também torna o consumo de tudo muito mais fácil, e se você deixar a troca de diálogos automática (apertando X), a experiência é similar a assistir um anime em seu áudio original, o que para mim foi bastante agradável.

Jogabilidade

Se me permitir o trocadilho, é aqui que o jogo cria o seu próprio chute assinatura, literalmente chutando e apostando em mecânicas. A jogabilidade é diferente do que você vê em jogos de futebol tradicionais, ainda que o tema seja o mesmo. Não espere constantes faltas, escanteios ou qualquer interrupção significativa de um juiz, já que tudo isso é bem raro. A ideia é literalmente honrar o que o anime já mostrou, com corridas absurdas, divididas e bolas roubadas disfarçadas de super empurrões e muito mais. A obra nunca esteve tão viva como está nesse jogo.

Dentro do campo, você entende a razão dos diálogos focarem tanto em estar motivado e se superar, já que o que te faz ser mais produtivo e com maior chance de sucesso ao jogar é a sua barra de Garra, que determina o quão assertivo você estará na sua tarefa em campo. Você consegue enxergar a barra dos outros também, o que cria uma estratégia de envolver seus jogadores em momentos quentes da partida para que a barra de todos suba, mas também enxergar possíveis fraquezas do time adversário.

Existem também as Demos de Ação Dramática (DAD) que recriam a assinatura de cada jogador e seus chutes improváveis dignos de anime, que são cenas extremamente famosas. Além dos chutes especiais, alguns cenários são recriados em campo e a partida é interrompida por algumas cutscenes. Isso faz com que a partida soe um pouco “combinada” para aquele momento se concretizar, mas se você entender que existe um objetivo grande em respeitar o anime, dá pra relevar.

Trilha Sonora

Oliver Tsubasa e seus amigos/treinadores QUEREM ser os melhores e estão dispostos a treinar e competir para superar a todos. E é exatamente isso que a trilha nos passa: essa vontade incansável e motivacional de estar no topo, ser o melhor.

Todas as músicas são épicas orquestras que giram em torno do que mencionei no parágrafo de cima, mas destaco entre todas a The Legend Begins e Road to the Top.

Gráficos

Na minha humilde opinião, os jogos da Bandai chegaram em seu ápice de representar os traços de mangás e animes em 2017, com o anúncio de Dragon Ball FighterZ. Isso se manteve em outros jogos e aplica-se ao caso de Captain Tsubasa. O jogo é bem fiel à obra de Yoichi Takahashi lançada em 1981 e a eleva com cores vibrantes que ficaram muito bonitas no Switch, especialmente no modo portátil.

Não falando apenas da parte dos diálogos e gameplay em campo, mas as artes explicativas dos personagens, o dinamismo dos menus e o cuidado em ilustrar tudo. O jogo é bem agradável aos olhos e quem já assistiu ou tem uma mínima familiaridade com a aparência da trama, irá se surpreender.

Veredito

Como eu cobri no início, claramente Captain Tsubasa não veio para competir com FIFA e PES e também não veio tirar o espaço de jogos de luta de animes, como os jogos de Goku e Naruto. Captain Tsubasa veio para ser o seu próprio nicho, sua própria homenagem, seu próprio jogo.

Sem seguir a sombra de ninguém e criando seu próprio holofote, o jogo é assumidamente distanciado da realidade e muito próximo ao ícone que a obra original foi em seus quase 40 anos de existência. Prato cheio aos saudosistas e ótima pedida para quem procura algo diferente.