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Análise: Curse of the Dead Gods

Um explorador chega às ruínas de uma antiga civilização. Armado com uma tocha e uma espada, ele adentra as profundezas da estrutura e logo é alvo de uma maldição. Para conseguir as riquezas deste lugar sombrio e misterioso, ele deve domar sua ganância e chegar ao fundo deste escuro labirinto e derrotar todas as criaturas malditas que rondam suas inúmeras salas.

Esse é Curse of the Dead Gods, desenvolvido pela Focus Home Interactive e publicado pela Passtech Games para Playstation 4, Xbox One, Nintendo Switch e PC, incluído no Game Pass!

Esta análise foi possível graças à assinatura de Game Pass cedida pela Microsoft.

Descrevendo pelo gênero do jogo, Curse of the Dead Gods é um “roguelite”, ou seja, é baseado em tentativas de se finalizar o jogo sem morrer em rotas que são geradas proceduralmente, entregando desafios diferentes toda vez que se entra na masmorra pois as salas e a ordem em que aparecem são geradas a cada nova vida. Um grande exemplo recente do gênero é Hades, da SuperGiant.

Mas o que o diferencia é o seu sistema de maldição e iluminação que serve não apenas para a estética do jogo, mas também como uma das mecânicas principais que afetam a jogabilidade de várias formas. Como exploramos ruínas de uma antiga civilização, não há muita luz disponível, muitas vezes ficando restrita apenas a sua tocha. Em algumas salas existem piras espalhadas que podem ser acesas aumentando a visibilidade e possibilitando que se maximize o dano dado e minimize o dano recebido, uma vez que se fica mais frágil na escuridão, além de deixar as armadilhas invisíveis até que sejam acionadas.

Tesouros e escuridão. Um par constante na nossa aventura.

Tesouros e escuridão. Um par constante na nossa aventura.

A maldição também tem um papel fundamental e cria situações de “risco/recompensa” bastante interessantes. A cada andar se recebe uma certa quantidade de corrupção e, quando esses pontos se acumulam além de um certo limite, a corrupção se torna uma maldição que, no geral, dá tanto uma vantagem quanto uma desvantagem, podendo afetar muito a sua forma de jogar. Por exemplo, uma maldição altera as chamas das ruínas, impossibilitando que se ilumine o ambiente, o que enfraquece determinados equipamentos que ganham bônus em locais iluminados, ao mesmo tempo que acaba com a fragilidade causada pela escuridão.

Esta corrupção também pode ser acumulada, ao invés de se gastar ouro, para se adquirir novos equipamentos ou relíquias. Estas que servem como bençãos que dão bônus de dano, melhoria de atributos ou recompensas, enfim, auxílios sem o lado negativo presente nas maldições.

Outro recurso que é importante saber gerenciar é o seu vigor. Tanto desvios, quanto ataques finalizadores (o último ataque de um combo) ou ataques com as armas pesadas utilizam pontos de vigor, que recarregam após um curto período sem atacar ou desviar, servindo como a stamina de Dark Souls, ou seja, você definitivamente não quer ser pego sem eles e fazem com que recuar seja uma decisão ainda mais estratégica.

No decorrer das tentativas de se aprofundar nas ruínas, são coletadas caveiras e braceletes, utilizados como moeda para se desbloquear tanto novas armas, com novas propriedades, quanto bençãos, que dão vantagens variadas, possibilitando builds bem distintas. Há diversas classes de equipamentos divididos em arma “principal”, “secundária” e “de duas mãos/pesada/bomba”. A arma principal pode ser uma maça, , garra, espada ou faca ou machado de arremesso. A arma secundária pode ser uma adaga, escudo. E a terceira variante pode ser uma montante (espada de duas mãos), um martelo, um arco… Cada arma tem um estilo de jogo único e, devido à aleatoriedade, é importante dominar pelo menos alguns estilos para se aproveitar todas as tentativas, mesmo que seja possível comprar equipamentos em algumas salas específicas.

Ao se entrar na masmorra e após concluir cada sala é possível escolher a sua rota de acordo com o que é oferecido

Os altares que aparecem em algumas salas oferecem certa flexibilidade que torna toda run um campo para experimentação em que é viável se completar a masmorra. Isso é ainda mais evidenciado pela natureza dual das maldições, que apesar do nome, podem ajudar mais do que atrapalhar em algumas situações.

Os gráficos são bastante estilosos e bonitos. O sistema de iluminação realça e esconde detalhes simulando a nossa visão se acostumando com a mudança de intensidade. Alguns elementos mais importantes, como armadilhas e inimigos, saltam aos olhos com cores vivas quando iluminados e se mesclam com o cenário quando nas sombras. Os ataques também possuem um brilho indicativo que serve de referência para desvios ou “parrys” acentuados pelos efeitos sonoros que os acompanham.

O último update, baseado em Dead Cells, trouxe salas e armas novas para desafiar ainda mais seus jogadores!

A trilha sonora é específica de cada masmorra explorada que também possuem chefes próprios, apesar disso, a trilha não é muito memorável, o que acaba tornando Curse of the Dead Gods um perfeito “jogo pra podcast”, uma vez que a história também não recebe destaque.

Retornando-se à comparação com Hades, a jogabilidade é mais lenta, mas não menos intensa. O posicionamento se torna ainda mais importante, uma vez que não temos tanta agilidade para desviar dos inimigos e, as vezes, é melhor correr e respirar do que maximizar o dano causado.

Curse of the Dead Gods foca naquilo que importa para aqueles que buscam um bom roguelite: jogabilidade precisa e satisfatória, um bom ritmo de progressão e um grande desafio. Não perde tempo apresentando uma “lore” ou narrativa muito profunda, servindo apenas para definir a temático do cenário e inimigos, e brilha quando ocorrem as sinergias tanto entre armas quanto entre relíquias e maldições. Uma ótima pedida para quem finalizou Death’s Door e sentiu falta de um pouco mais de profundidade mecânica.