Em 2015 o pessoal da Lab Zero Games – conhecidos por Skullgirls – apresentaram uma proposta interessante. Um RPG com um sistema de combate inspirado em Valkirie Profile, mas com a progressão sendo em plataforma 2D inspirado em Super Metroid. Como amante dos dois gêneros somado a bela arte do jogo, fiquei bastante interessado. Finalmente em 8 de outubro de 2019, Indivisible foi lançado para PS4, XONE, Switch e PC – versão jogada para análise.
História
O jogo começa com um grupo de aventureiros numa batalha final contra uma força misteriosa que pretende destruir o mundo, mas acaba sendo selada por eles. Se passam 16 anos e estamos no controle de Ajna em sua vila, indo encontrar seu pai – um dos aventureiros – para seu treinamento diário. Após discutirem durante o treino, ao voltar para casa para se desculpar, Ajna se depara com a vila sendo atacada por tropas de um exército. Durante a invasão um soldado chamado Dhar acaba matando o pai de Ajna, e furiosa ela entra em combate com o assasino. Durante a batalha misteriosamente ela absorve Dhar em sua mente o mantendo preso. Sem poder se vingar de seu pai, Ajna parte em uma aventura atrás de quem ordenou o ataque. Durante a jornada, ela vai descobrindo mais sobre seus poderes e assim absorvendo aliados e usando sua força nos combates.
Seu primeiro aliado é o assassino do seu pai que esta preso na sua mente
Indivisible se inspira principalmente na mitologia do sudeste da Ásia, o que é interessante pois foi uma experiência nova para mim. Mas também se inspira em diversas outras culturas. Apesar do começo trágico e os momentos dramáticos, praticamente todo o jogo é bem humorado. Os personagens são bem carismáticos o que torna os diálogos divertidos, principalmente a Razmi e seus comentários. Se fosse resumir diria q a história é sobre aprendizado e redenção.
Razmi tem um humor diferenciado
Jogabilidade
Um dos pontos mais atraentes do jogo. Como havia dito antes, o game é inspirado em 2 clássicos aclamados e trás uma mistura de 2 gêneros que acabou dando muito certo. Com sua progressão em metroidvania é comum revisitar algumas áreas que antes eram inacessíveis após adquirir uma nova habilidade – como uma lança para saltar mais alto ou uma super corrida que destrói paredes – para avançar ou pegar jóias vermelhas que geralmente estão escondidas – e que servem para fortalecer o ataque e defesa do grupo.
Ao entrar em contato com algum inimigo o jogo muda para um RPG em tempo real onde jogamos com até 4 personagens, e cada botão executa a ação de um deles. Cada personagem conta com diversos ataques sendo acessados pela adição do direcional ou o botão de especial, por exemplo: se apertar cima + botão do personagem, sai um ataque, se apertar baixo + botão do personagem, sai outro ataque, além dos especiais de 1, 2 e 3 barras, salvo Ajna que chega até 7. Uma coisa interessante é que o jogo conta com mais de 20 personagens que já vem com todos seus ataques disponíveis, cada um com um estilo único, o que torna divertido testar todos.
Personagens jogáveis
A progressão de plataforma para RPG é muito fluída, acontece instantaneamente e no próprio local que esta no cenário, é possível até atacar ou ser atacado antes de entrar no modo RPG. Nas batalhas contra os chefes isso é mais explorado, temos a parte RPG e a parte plataforma alternando durante o combate.
Gráficos
Outro ponto bastante atraente, aqui a Lab Zero Games executa com maestria, quem conhece Skullgirls sabe do que estou falando. A arte do jogo é toda desenhada a mão em estilo anime, a quantidade de frames usada em cada animação de cada personagem é enorme, isso faz com que sejam tão fluidas e não apareçam aqueles pixels. No final de cada combate a tela congela para mostrar o XP ganha e da para notar frames diferentes toda vez. Os cenários de fundo também dão um show a parte em sua riqueza nos detalhes.
Som
A trilha sonora é composta por Hiroki Kikuta conhecido por Secret of Mana, não tinha como dar errado né. Transmite bem a ambientação do jogo e tem aquela faixa ou outra que vamos ficar ouvindo por um tempo. Os efeitos sonoros são bem executados e a dublagem, apesar de particularmente preferir japonesa e estar ausente, me agradou (isso é raro). O game tem legendas em português.
Temos alguns pontos negativos, chega um momento no jogo que as batalhas ficam fáceis, não exigindo a estratégia que exige no começo, e só ficar atacando é suficiente. Com personagens tão variados seria interessante explorar mais seu uso em determinadas situações, aumentando a estratégia. Por algum motivo, tem personagens que não tem ataque especial. A parte de plataforma mais longa que é próximo do final, tem que ser feita 2 vezes, o que acaba sendo um pouco cansativo, algo que poderia ter sido evitado.
Indivisible é uma aventura gostosa, com suas generosas 20-30 horas de jogo em uma história satisfatória, gameplay inovador e divertido e sua belíssima arte acompanhada de uma ótima trilha sonora.