Neva é o sucessor espiritual de Gris, o game tem como objetivo ser uma grande continuação, e ser mais um sucesso da Nomada Studio. O game é ambicioso e tenta melhorar e deixar mais complexo todos os elementos já vistos no seu antecessor. Com um ar renovado, Neva acontece com dois personagens, o que traz mais profundidade e complexidade ao jogo.
Está análise foi feita por meio da chave enviada pela Devolver Digital e a plataforma usada para jogar foi o Nintendo Switch.
Gameplay
Neva começa deixando claro e dando destaque um dos carros chefe do game, a arte, aliado a isso, os primeiros minutos se passam com o jogador conhecendo os novos personagens e também a narrativa, para entender os acontecimentos que nos levaram até aquele momento. Após isso, o jogo segue o padrão, aos poucos vai introduzindo o jogador as mecânicas de combate, a exploração de cenário e aos inimigos.
O jogo é dividido em estações do ano (Verão, Outono, Inverno, Primavera), a cada passagem de estação, Neva, nosso companheiro, ganha uma habilidade nova, fica maior e mais forte. Quanto maior e mais forte Neva fica, mais difícil também ficam os nossos desafios, mas, por outro lado, demonstrando um bom balanceamento, Neva consegue nos ajudar cada vez mais, fazendo com que o jogo tenha um bom equilíbrio entre progressão e dificuldade.
Um ponto negativo é que por muitas vezes, principalmente no começo, o jogador apenas anda e pula, e como o jogo se propõem a ter mais ação, deveríamos ter algo como o que é feito em Hollow Knight, onde o cenário é interativo, com itens para se cortar e quebrar, isso melhoraria a gameplay, e traria mais interatividade para o jogador, que por muitas vezes vai passar bons minutos apenas andando e pulando.

Para os que já estão acostumados com action platformes, o jogo mesmo em seu modo “difícil” não se mostra ser um grande desafio, mas isso não estraga a experiência, pelo contrário, esse fator permitiu apreciar melhor o cenário e outros elementos da estética do jogo.
Os momentos de tenção são os melhores, o jogo tem um flow muito equilibrado e com um ótimo ritmo, algo que já acontecia no seu antecessor Gris, o flow entre tensão e tédio é muito bem equilibrado e administrado, com momentos que exigem uma grande precisão do jogador.
O level do jogo também é muito bem construído, com lugares imensamente abertos, até lugares fechados e apertados. O jogo consegue transitar entre diferentes tipos de levels, desde os mais modulares até os mais lineares, com diferentes desafios para criar uma gameplay dinâmica, sem que o jogador seja obrigado a aprender a cada momento, novos golpes ou habilidades para continuar progredindo, e isso é um ponto muito positivo em Neva, algo que poucos jogos de plataforma conseguem executar com mastreia.

O jogo usa muito bem o fato de termos dois personagens, Neva, nosso companheiro, além de nos ajudar durante as lutas, em vários momentos é o nosso guia e motivação para realizarmos certas ações dentro do jogo, tendo até mesmo que ser protegido ou salvo.
A interação com Neva é um diferencial, é possível chamar Neva, e até mesmo acariciá-lo. Cuidar do seu companheiro é algo tão importante, que existe uma conquista exatamente para isso. Aliás, essa é outra novidade, conquistas, o jogo é repleto delas, e isso incentiva ainda mais o jogador a interagir com Neva, e explorar o cenário durante a gameplay.
O jogo conta com uma mecânica muito interessante, que permite que o jogador recupere vida ao causar dano aos inimigos. Durante as lutas, o jogador é incentivado a ir para cima dos inimigos e atacá-los para recuperar sua vida, isso faz com que o jogador se sinta seguro para poder arriscar, criando uma espécie de “reward”, em que o jogador é capaz de entender que caso ele erre ou leve o dano, é possível recuperar toda a vida durante a luta.
Narrativa
O principal pilar da narrativa de Neva é criar uma forte conexão entre os personagens, quase que uma relação entre mãe e filho, algo já explicado e reforçado pelo diretor criativo do jogo, Conrad Roset.
A conexão entre os personagens fica muito evidente durante toda a gameplay, em diversos momentos temos que salvar Neva, e vice-versa. A progressão da gameplay acontece juntamente com a progressão da narrativa, a relação entre Neva e a nossa personagem vai ficando cada vez mais forte e complexa a medida que o jogo avança.
Além das personagens, o jogo também usa do environmental storytelling para poder contar boa parte da história. Em Neva, o cenário é ainda mais usado do que em Gris para contar a história. A equipe de desenvolvimento evoluiu, e Neva conta com muitas, mas muitas camadas de paralaxe em apenas uma imagem, o que traz mais profundidade e complexidade para a narrativa de cenário.

Gráfico
Aqui vamos falar do principal destaque de Neva, assim como em Gris, o jogo foca em criar gráficos belíssimos. Em Neva, a equipe de desenvolvimento melhorou tudo o que vimos no jogo anterior, a quantidade de elementos por cenário, paralaxe, complexidade das cores e iluminação, são um show a parte.
Me peguei em vários momentos tirando fotos do cenário, fotos essas que podem virar facilmente papel de parede, devido a sua beleza e complexidade. Toda a arte do jogo tem forte inspiração nos animes do estúdio ghibli, principalmente os monstros. Os momentos de contemplação do jogo são um folego para a gameplay, tudo é muito bem pensado, com cores e efeitos de câmera, para proporcionar a melhor experiência estética para o jogador.
Som
Toda a parte sonora de Neva é muito bem feita e pensada para complementar a gameplay, não espere escutar músicas complexas e efeitos sonoros de destaque, no jogo, a trilha sonora acompanha a gameplay quase que como um bom chantili acompanha uma boa torta, é uma combinação perfeita, mas em nenhum momento ela apaga ou ultrapassa os tons da gameplay. A trilha sonora do jogo é muito bem feita e pensada para transmitir sentimentos e sensações ao jogador sem quebrar o clima do que está acontecendo na gameplay.
Em várias partes o jogo fica quase sem música de fundo, deixando a personagem no completo silêncio, onde escutamos apenas os sons de movimento e ataques da personagem, isso traz um clima diferenciado e profundo para a experiência.
Veredito
Neva é uma continuação a altura do que foi Gris, o jogo não deixa nada a desejar, e melhora muitos dos elementos vistos no jogo anterior. Em nenhum aspecto a sequência deixa a desejar se comparado ao seu antecessor, e a introdução de dois personagens, trouxe uma complexidade muito boa a narrativa e a gameplay, algo muito difícil de se executar se tratando de um game com forte apelo visual.
Neva é uma ótima escolha para todos os fãs de Gris e também para os que esperam jogar um bom action plataform 2D com gráficos de tirar o fôlego.