A Nintendo resolveu comemorar os 40 anos de Mario trazendo Super Mario Galaxy e Super Mario Galaxy 2 de volta em uma coletânea remasterizada para o Nintendo Switch, totalmente compatível com o Switch 2 e com suporte a gráficos em 4K. É um encontro de gerações ao colocar dois dos clássicos do Wii na modernidade do mais novo console da Big N.
E o melhor: a adaptação respeita o DNA original, mas entrega uma experiência atualizada e fluida, especialmente no modo portátil, onde a tela do Switch 2 transforma cada galáxia em um novo espetáculo visual. É o tipo de lançamento que lembra por que Mario é sinônimo de plataforma 3D há quase 30 anos.

A ambição de Bowser leva Mario para toda a galáxia
Apesar de compartilharem a mesma base cósmica, Galaxy 1 e Galaxy 2 têm personalidades bem distintas.
O primeiro é quase poético, com um tom mais emocional da história de Rosalina, sua conexão com as Lumas e o universo navegável do hub Observatório Cometa criam uma sensação de jornada e descoberta que até hoje poucos jogos de plataforma alcançaram. Bowser quer dominar a galáxia, mas o pano de fundo aqui é a solidão e a grandiosidade do espaço.
Já o segundo abandona qualquer pretensão de profundidade e foca no essencial: diversão pura. A Nave Mario substitui o Observatório, trazendo um hub mais simples e menor em tamanho. O acesso às fases é mais dinâmico, colocando um ritmo muito mais direto e menos contemplativo. Isso pode desagradar quem gostava da ambientação do primeiro, mas torna o jogo perfeito para o Modo Portátil, já que cada fase leva de 3 a 5 minutos (o jogo mostra seu tempo ao terminar, podendo inclusive ser superado), o que é ideal para jogar em intervalos rápidos, marca registrada do Modo Portátil. No fim, Galaxy 1 é uma ópera; Galaxy 2 é um show de rock, mas ambos complementares e inesquecíveis à sua maneira.

Jogabilidade que vai te virar de ponta-cabeça
A jogabilidade continua sendo o ponto mais mágico desses títulos, e o remaster reforça isso.
Ambos rodam de maneira muito competente, com performance sólida e zero travamentos, mesmo nos momentos mais caóticos de combate ou puzzles gravitacionais. Apesar de ser esperado para títulos da era Wii, é importante ressaltar que não houveram downgrades nesse quesito.
A adaptação dos controles de movimento é exemplar: pensando no Modo Portátil e na ausência de uma Sensor Bar do Wii, o botão R serve para centralizar, mostrar e mover o cursor, enquanto o ZR permite interagir com objetos que estiver apontando. Quem preferir pode simplesmente tocar na tela do Switch, algo que nem mesmo a tecnologia da época original de lançamento não permitia.
Além disso, o clássico “giro” (spin), antes dependente do movimento físico do Wii Remote, agora pode ser feito com o botão Y, mantendo a responsividade e sem obrigar o jogador a se contorcer no sofá ou chacoalhar o console em mãos (apesar de poder ser feito). Tudo flui com naturalidade, e é incrível ver como esses jogos, lançados originalmente em 2007 e 2010, ainda definem o padrão de precisão e criatividade para o gênero de plataforma 3D.
A única coisa que grita que o jogo é datado é a movimentação de câmera. Já que o Wii não contava com um segundo analógico, a câmera era ou extremamente restrita ou até mesmo fixa. Nos últimos anos da indústria, é natural qualquer jogador usar o analógico direto para enxergar ângulos novos, e a proposta planetária da coletânea Galaxy por muitas vezes te dará essa vontade e curiosidade, onde se encontrará essa barreira do tempo. Nada foi adaptado em relação a isso.

Trilha Sonora
Se a movimentação da câmera não se sustentou como deveria, algo que envelheceu como vinho com certeza é a trilha sonora orquestrada de ambos os jogos.
Cada tema é uma peça memorável: de Gusty Garden Galaxy à Starship Mario, tudo carrega o peso e o encanto de grandes trilhas cinematográficas, que com toda a certeza estamparão todas as cenas do novo filme do Mario, baseado em Galaxy, que será lançado em 2026.
Dessa vez, a coletânea conseguiu enxergar o valor e qualidade dos temas pela recepção do público e pelos anos carimbados como obra-prima, e permite ouvir todas elas via menu principal. É um presente caloroso para quem cresceu ouvindo essas músicas e uma chance perfeita para novos jogadores entenderem por que a trilha de Galaxy segue como referência na indústria.
Seja com bons fones de ouvido, no alto falante do próprio console ou em uma TV com som decente, é impossível não se arrepiar e cantarolar todas essas trilhas.

Gráficos
Os visuais atualizados impressionam logo de cara. A resolução em 4K para o Switch 2 e o trabalho de texturas aprimoradas trazem o charme do passado com a repaginação que define o estilo Galaxy.
A coletânea não é um remake, mas é um dos melhores remasters que a Nintendo já fez a nível de estruturar melhorias. O Switch 2 lida com tudo com folga e o Modo Portátil realmente traz um novo frescor para a franquia.
Mesmo quase 20 anos depois, Galaxy tem mais identidade visual do que muitos títulos recentes, sendo uma aula de direção artística.

Conclusão
Super Mario Galaxy 1 e 2 são, sem exagero, dois dos maiores feitos da Nintendo quando o assunto é Mario. Essa coletânea remasterizada é o presente perfeito para quem nunca teve a chance de jogá-los e uma bela desculpa para quem quer revisitá-los com tudo refinado, em português do Brasil e em 4K. A jogabilidade consistente e criatividade para batalhas contra os chefes mostra como a “fórmula Mario” deveria ser sempre.
Mas nem tudo são estrelas no céu: o preço é o meteoro que derruba um pouco do brilho. R$ 240 por jogo (ou R$ 400 o pacote com ambos) é alto demais para o ano de 2025, ainda mais considerando que Galaxy 1 já havia sido relançado em 2020 na coletânea Super Mario 3D All-Stars.
Ainda assim, a experiência é tão boa e nostálgica que fica difícil resistir. Quem nunca jogou deve mergulhar sem pensar duas vezes, mesmo que um por vez. Quem já jogou, vai se emocionar ao perceber como mesmo após tanto tempo, Galaxy ainda parece do futuro.
Nota final: 9/10: Uma viagem inesquecível pelas estrelas, agora em português e em 4K, que só não chega à perfeição porque a Nintendo continua cobrando preço de nova galáxia por um passeio pelo passado.

