Análises

Análise: Oceanhorn 2: Knights of the Lost Realm

Em 2017, quando o Nintendo Switch ainda usava fraldas e não tinha recebido grandes de seus jogos como Super Smash Bros., Animal Crossing e até Super Mario Odyssey (que saiu mais tarde naquele mesmo ano), a biblioteca do híbrido estava começando a se estabelecer com muita coisa boa sendo desenvolvida, mas isso não significa que já não tinham algumas coisas boas escondidas por ali.

Entre essas coisas boas, eu ouvi majoritariamente sobre duas: Super Bomberman R e Oceanhorn: Monster of Uncharted Seas. Esse último mais especificamente, me era explicado como “tipo um Zelda“, e realmente ele lembrava bastante o A Link Betweeen Worlds, que joguei no 3DS.

Anos depois, uma sequência! O ano de 2020 trouxe para o Switch sua versão de Oceanhorn 2: Knights of the Lost Realm, que saiu do mundo Mobile. Assim como seu título e sub-título, a ambição aqui também é grande! Confira nossa análise deste RPG muito interessante que evoluiu bastante sua fórmula!

História

Vale lembrar que esse jogo se ambienta mil anos antes dos acontecimentos do primeiro. A primeira cutscene é justamente um livro sendo aberto para acessar e reviver uma história do passado. Achei uma boa justificativa para repaginar o design de personagens e ambientação se comparados ao primeiro game, que eram mais cartunescos e chibis, com outra angulação de câmera também. Na minha opinião, funcionou muito bem se esquivar disso tudo tratando uma outra época.

O jogo começa introduzindo dois personagens, Mestre Mayfair e o demônio Mesmeroth. Os dois conversam em um lugar afastado em um tom de velhos amigos se reencontrando. O encontro, porém, tinha uma necessidade: um bebê no colo de Mesmeroth é confiado às mãos de Mayfair.

A partir daqui, começa a jornada do nosso personagem principal para se tornar um Cavaleiro na bela terra de Gaia!

O tal livro que nos dá a experiência mais imersiva de todas: viver a história escrita!

Jogabilidade

Oceanhorn 2 lida com um desafio desde que damos o primeiro passo: ser um jogo novo que seduz jogadores de jogos antigos. Isso cria um estranho universo onde você meio que sabe o que fazer, só não sabe como Oceanhorn 2 irá te pedir para fazer.

Assim que o jogo começa, existe uma missão muito bem sinalizada no mapa e um vasto mundo com pequenos tutoriais. O jogo explica a todo o momento o que você pode ou não fazer nos lugares que conhece e é nessa oportunidade que o combate, as dungeons e até o conceito de boss (com chave em baú e porta do chefe) são introduzidos. Eles adaptam o que é conhecido com o que é novo, então o primeiro contato pode ser de estranheza, pelo menos até entender e se acostumar.

O jogo fluiu super bem e sem gargalos em todos os ambientes que eu visitei, apesar de leves lentidões depois de morrer e pequenos bugzinhos aqui e ali. Eu gostei bastante de como os conceitos foram apresentados e, apesar de algumas vezes soar repetitivo para quem já é familiarizado, explicar é necessário. Fora isso, se você souber qual botão cuida de cada ação, vai conseguir atacar, defender e explorar numa boa, fazendo com que Oceanhorn 2 te distraia com maestria.

Eis o baú e a chave do chefe

Gráficos

O visual é o que mais cativa em Oceanhorn 2. Ele é artístico e bebe de diversas fontes ao mesmo tempo que soa único. Tudo ali harmoniza, nada tem um design “forasteiro” e tudo aparenta pertencer ao mesmo mundo, por mais diferentes que possam ser os elementos.

Dessa vez a inspiração principal é em Breath of the Wild, e eu não achei isso ruim! O jogo se baseia (e muito) nos conceitos, na física, na ambientação, nos ataques e na HUD com corações, mas ao mesmo tempo não faz um ‘Ctrl C + Ctrl V’ descarado e sim adapta isso a sua própria personalidade.

Trazendo BotW e Oceanhorn 2 para a mesma mesa (de novo), ambos usam cores aquareladas que quase simulam uma arte em constante movimento. Ambos são arte, o que muda é o tamanho e tempo de experiência do artista.

Você chamaria esse jogo de indie?

Trilha Sonora

Confesso que na parte sonora não existe nada que o fará se apaixonar profundamente, mas ao mesmo tempo não existe nada ruim que te faça querer jogar no mudo ou abaixar o volume.

As músicas são boas para os cenários propostos e… é isso? Podemos avaliar como algo “morno” que faz o que precisa, sem marcar ou frustar quem joga.

Dentre o excesso de informações, uma muito útil! Na franquia Zelda, vamos de “olhômetro”

Veredito

Oceanhorn 2 superou muitos obstáculos ao aparecer no Switch: um jogo indie, pensado para smartphones e tablets e com forte influência em um dos carro-chefe da empresa. Apesar de tudo isso, quebrou as barreiras de ser “tipo um Zelda” e conquistou um espaço mais inspirador ao invés de ser taxado como um clone que não merece atenção.

Existem sim, pequenos bugs e problemas, mas se você considerar os fatores de ser um estúdio independente, com uma proposta portada e em um preço competitivo entre os indies, dá para falar sobre esse assunto sem passar (muita) raiva e entendendo melhor o contexto.

Assim como o primeiro, Oceanhorn 2 é uma ótima pedida para os fãs de puzzles e RPGs, pois possui uma boa direção artística, um sistema interessante de poções e ataques e claro, muita, mas muita ambição.