Os jogos de vídeo game costumam despertar os mais diversos sentimentos nos jogadores. Existem aqueles que causam muita raiva, por não conseguir passar de uma parte difícil ou não conseguir vencer mais de quatro partidas seguidas (Sim, estou falando de Splatoon). Existem outros com uma mecânica simples que só causam diversão e felicidade. Hoje nossa Máquina do Tempo vai nos levar para um dos maiores tranquilizantes da Nintendo.
Eu já vi isso antes?
Kirby’s Epic Yarn apareceu oficialmente pela primeira vez ao público em 2010, durante a conferência da Nintendo na E3. Ele acabou sendo lançado em outubro do mesmo ano. Mas vamos voltar vários anos para entender de onde veio a ideia de um jogo do Kirby cheio de linhas. Em 1993 a Nintendo, juntamente com a HAL Laboratory estava lançando Kirby’s Adventure, a sequencia do primeiro jogo da série, Kirby’s Dream Land. Este foi o último game a usar o design original do personagem e em seu comercial para a televisão japonesa, temos um Kirby formado por linhas, praticamente no mesmo estilo de Epic Yarn.
O comercial de Kirby’s Adventure para a televisão japonesa
O jogo foi desenvolvido pela empresa Good-Feel, que já tinha trabalhado na criação de Wario Land: Shaket It, também para o Wii e que está produzindo o novo jogo do Yoshi no Wii U, Yoshi’s Woolly World. O mundo feito de fios foi uma ideia do Gerente de Planejamento da Good-Fell, Madoka Yamauchi, e as ideias começaram a progredir quando os desenvolvedores experimentaram desconstruir uma roupa comprada em uma loja.
A principio, o jogo teria outro personagem como principal, o Príncipe Fluff. O jogo receberia o nome de “Fluff do Fio”. A Nintendo sugeriu que o jogo fosse alterado antes do lançamento, para que se tornasse um game da série Kirby. A ideia foi aceita e o personagem Fluff continuou no jogo, mas como parceiro da bolota rosa. Com essas alterações, no mínimo três meses foram gastos para focar nos movimentos do Kirby e no seu visual.
Para que o jogo tivesse uma sensação autêntica de fios de roupas, os gráficos foram criados a partir de fotografias digitais colocadas sob polígonos. A trilha sonora foi composta totalmente pela Good-Feels, pelo Tomoya Tomita. Ele foi escalado, pois os compositores titulares da série, Hirokazu Ando e Jun Ishikawa, estavam ocupados compondo para o outro jogo da franquia Kirby no Wii: Kirby’s Return to Dream Land.
Tudo por um tomate
A história deste game começa com o nosso herói caminhando tranquilamente pela Dream Land. Durante esta caminhada, Kirby encontra um tomate e o comilão não pensa duas vezes em comer o fruto, que é a sua comida preferida. Quando ele vai comer, aparece o terrível mago Yin-Yarn, que era dono do tomate. Ele usa sua mágica para banir Kirby, através da meia que carrega no pescoço, para dentro da Patch Land, um mundo feito completamente de tecido.
Já neste mundo, Kirby percebe que todo o seu corpo foi transformado em linha de tecido. Ele então vê um monstro de fios perseguindo um garoto de fios azuis. O herói rosa tenta sugar o monstro, mas o ar atravessa o seu novo corpo. Sem saber como ajudar, ele acaba se transformando em um carro e foge junto com o outro garoto.
Ele descobre que o jovem é na verdade o Príncipe Fluff. O príncipe explica que Yin-Yarn separou a Patch Land em pedaços, que antes eram unidos por fios mágicos. Kirby decide ajudar Fluff a coletar todos os sete pedaços de fio mágico e restaurar a Patch Land. Enquanto isso, o terrível mago captura King Dedede e Meta Knight, colocando os dois sobre o seu controle.
Kirby é forçado a lutar contra os dois amigos, depois de eles terem armado uma emboscada. Quando Kirby e o Príncipe Fluff conseguem coletar todas as sete peças do fio mágico, Meta Knight (que não está mais sob o comando de Yin-Yarn) informa que o mago está transformando toda a Dream Land em tecido. Sabendo disso, Fluff produz uma segunda meia e com a mágica restaurada pelos sete pedaços de fio mágico, transporta Kirby e ele mesmo para a Dream Land.
Já na Dream Land, eles descobrem que está tudo transformado em fios de tecido. Kirby enfrenta e derrota Yin-Yarn, quebrando o feitiço e fazendo com que toda a Dream Land e ele mesmo voltem ao seu normal. Príncipe Fluff partilha com Kirby a meia de Yin-Yarn e diz que ele pode usá-la quando quiser para visitar o novo amigo.
Plataforma com estilo
Kirby’s Epic Yarn é jogado através do Wii Remote, mas segurando o controle pelas laterais. O jogo segue o mesmo estilo de plataforma dos outros da série, mas diferentemente dos outros, o personagem principal não tem a habilidade de inalar os inimigos, copiar as habilidades ou voar. Ao invés disso, ele tem um ataque com fio parecido com o uso de um chicote e também pode usar isso para ativar mecanismos, puxar fechos ou polias e apertar botões. Kirby também consegue enrolar os inimigos, transformando eles em bolas de fios e os atirando.
Neste jogo, ele também perde a habilidade de flutuar ao absorver o ar. Agora, ele flutua na forma de um paraquedas. As transformações não param por aí. Quando quer correr, Kirby se transforma em um carro e tem mais velocidade e para ir embaixo da água, ele se modifica em um submarino. Em algumas áreas, a bolota rosa consegue transformações únicas, como um robô gigante lançador de mísseis, um buggy super motorizado, um trem que viaja por trilhos desenhados através do Wii Remote e até mesmo uma espaçonave alienígena. O jogo permite um segundo jogador, que utiliza o personagem Fluff e tem as mesmas habilidades de Kirby.
O jogador pode coletar diversas pérolas que estão espalhadas através das fases e no final ganha medalhas pela quantidade coletada. Com essas medalhas, o jogador libera mais níveis de desafio em cada mundo. Kirby não tem barra de vida ou vidas extras, mas ele perde pérolas ao sofrer dano causado pelo inimigo ou caindo em espaços impróprios.
As pérolas podem ser usadas para comprar móveis e papéis de parede para o apartamento do Kirby dentro do jogo e que o jogador pode customizar ao seu gosto. Móveis adicionais e músicas podem ser liberadas encontrando baús de tesouros escondidos em cada fase. Decorando outros apartamentos com a mobília correta, novos inquilinos irão se mudar, liberando desafios bônus, como o por tempo.
É muito interessante perceber que os gráficos do jogo foram mesclados com o gameplay. Tudo foi renderizado no mundo para que ele ficasse com um estilo tricotado e para interagir com Kirby. Por isso, podemos ver que o personagem consegue puxar zíperes que acabam alterando o terreno ou revelando novas áreas para explorar.
Vamos aprender a falar Poyo?
- Na intro dos EUA, Kirby sente a grama pela primeira vez na Patch Land e fala que esta grama parece uma “pants”. Na versão europeia ele fala “trousers”, pois na maior parte da Europa eles se referem assim às calças;
- Este é o primeiro jogo depois de Kirby 64 que a voz de Kirby pode ser ouvida em um console da geração fora da franquia Super Smash Bros.;
- O enredo segue uma premissa semelhante à Kirby: Canvas Curse, onde o personagem também é transfigurado em outra forma;
- A máscara do Meta Knight não cai quando ele é derrotado. Seus olhos piscam de roxo para amarelo durante a batalha para resistir ao controle de Yin-Yarn;
- Já os olhos do King Dedede começam a ficar azuis, mas logo continuam roxos, revelando que ele não tem tanta força para lutar contra possessões;
- Este é o primeiro jogo do Kirby com narração e subtítulo;
- Também é o primeiro jogo que temos Kirby falando o que parece ser a língua “Poyo”, vista primeiramente no anime;
- Este é o segundo jogo da série que usa pérolas, o outro é Kirby Super Star (Ultra);
- Tempest Towers é bem próximo de uma versão do Butter Building, do jogo de NES;
- É possível coletar vários tecidos e um deles é o “Tecido Famicon”, em clara referência ao console;
- Este talvez seja o único jogo da série que não possui a Warp Star;
- Neste jogo, Kirby não consegue um snorkel quando entra na água. Isso acontece também em Kirby 64 e Kirby Mass Attack;
- Este é o primeiro jogo em que existe uma habilidade feita especificamente debaixo d’água;
- Este é o único jogo da franquia que permite decorar um ambiente;
- Kirby’s Epic Yarn ocupa 31 blocos de memória do Wii;
- Yoshi’s Wooly World é desenvolvido pela mesma equipe de Kirby’s Epic Yarn e pode ser considerado um sucessor espiritual.
King Dedede e Meta Knight em suas formas na Patch Land
A bolota rosa ganha novamente
Kirby’s Epic Yarn veio com um conceito visual inovador. A ideia de dos fios de tecido surgiu para outro jogo e de forma arrojada foi transformado em um game do Kirby. Utilizar personagens consagrados é uma estratégia bastante conhecida da Nintendo e, em geral, tem dado certo. Colocar um personagem carismático, que todos adoram, em um jogo desconhecido e que seria uma aposta, faz com que ele consiga mais sucesso e aceitação. Por outro lado, perdemos a criação de novas franquias que poderiam vir com sucesso para aumentar o número de jogos da empresa.
Mesmo com o estilo visual diferente, o estilo do jogo é o mesmo. Um game de plataforma clássico, com puzzles para resolver e alguns inimigos para derrotar. O jogo não gera nenhuma forma de stress, pois não é extremamente complicado, e é muito divertido de resolver seus quebra-cabeças. Jogar em duas pessoas torna o jogo ainda mais divertido, e muitas vezes é legal fazer aquela “competição” interna no game.
O visual é maravilhoso, muito bem aproveitado dentro do Nintendo Wii. A integração do cenário com a jogabilidade aumenta a beleza do jogo, enchendo os olhos de alegria e diversão. Os comandos são simples e bem fáceis de pegar. As transformações do Kirby são um adendo muito importante, pois tornam muito válida a ideia dele não ter seus poderes clássicos. Além disso, ver Kirby se transformar em uma espaçonave alienígena é algo impagável.
Para quem está procurando jogos novos e com estilos diferentes, Kirby’s Epic Yarn é um game de excelente qualidade e para aqueles que querem um clássico da bolinha rosa, esse jogo não deixa a desejar. Jogar esse game faz lembrar como era bom ter o Wii lançando coisas novas e sempre deixando os fãs contentes. Kirby’s Epic Yarn traz nostalgia da Nintendo e é claro, da própria franquia.