Análises

Análise: Miitopia

Desde 2007 os Miis são parte integrante do universo Nintendo, representando o que há de mais puro na personalização de personagens e os inserindo em contextos de jogos, onde podemos enxergar nosso autorretrato (ou bizarras criações, a depender da sua criatividade) em jogos expressivos da Big N, como Mario Kart, Smash Bros. e o aclamado Wii Sports.

Fica mais do que claro que os Miis possuem um enorme potencial e funcionam em diversos contextos, e foi seguindo essa linha que a Nintendo introduziu Miitopia para o Nintendo 3DS no final de 2016 no Japão e em 2017 para o restante do mundo. A ideia incluía os Miis em uma atmosfera de RPG, onde todos (literalmente todos) os personagens podem ter a cara que você quiser.

É claro que a ideia foi muito bem aceita e a Nintendo a migrou para outra ideia muito bem aceita da empresa: o Nintendo Switch. Miitopia chegou ao console híbrido da Nintendo no dia 21 de maio de 2021 e mostra com incrementos e melhorias que os Miis ainda possuem muito fôlego e potencial, mesmo depois de tantos anos.

Confira a nossa análise de Miitopia, para o Nintendo Switch. Ela só foi possível graças a cópia digital do jogo, fornecida pela própria Nintendo.

“Monstros com rostos das pessoas?!” com um sorriso que só os Mii sabem dar

História

Miitopia não é só o nome do game, mas sim de um mundo de paz e harmonia, onde diversos Miis convivem e se divertem. Lembra que eu mencionei que todos os personagens podem ser quem você quiser? Isso inclui os habitantes e até mesmo o vilão da trama. Claro, todos eles respeitarão seu papel na história e o jogo deixa claro as interações para que você não crie laços enfadonhos e situações esquisitas, já que, por exemplo, ele avisa quem será a mãe e o filho em uma família e quem irá compor um par romântico. Com isso, pode juntar toda a família, pois não haverão situações problemáticas.

Você vive a pele de um aventureiro, que está de passagem e tira um tempo para conhecer todos os habitantes de uma pequena cidade, incluindo até o prefeito. Toda a harmonia e felicidade de Miitopia vai por água abaixo quando o Dark Lord começa a roubar os rostos de todos, deixando apenas alguns intactos mas promete voltar em algum momento. A partir desse evento, nosso aventureiro segue jornada e descobre que os rostos roubados estão agora associados a monstros espalhados pelo mapa. Para que um rosto volte ao seu dono original, esses monstros devem ser derrotados, e é daí que a grande aventura se desdobra!

Se você não tiver Miis o suficiente (como foi meu caso) não se preocupe: existe a possibilidade tanto de resgatar Miis via código como puxar Miis já publicados pela comunidade. Meu Dark Lord, por exemplo, foi uma careta (não dá para chamar de rosto, pode confiar) que parece ter sido criada e pensada apenas para o vilão. Esse elemento pode tirar um pouco da sátira de ser um rosto conhecido do seu amigo ou familiar, mas atende a quem não possui tantos Miis no arsenal.

Para ilustrar: eis o Dark Lord da minha aventura!

Jogabilidade

Miitopia se baseia em um RPG por turnos e não foge muito de um modelo tradicional de atacar e esperar ser atacado. Um contador amigavelmente te lembra quantos rostos você já resgatou (e consequentemente quantos monstros foram derrotados), o que tem mantém vivo para sempre querer mais.

Ao definir seu personagem você pode escolher seu Job, que é seu papel em batalha. Os Jobs podem ser desde uma posição na linha de frente como um guerreiro, até como suporte em cura e afins. A personalidade do Mii também afeta suas ações e cria ramificações diferentes, a depender do que foi selecionado.

Por se pendurar muito no visual do jogo, Miitopia excessivamente te faz passear no mapa e explicar as coisas de maneira bem clara. Ir e vir por aí e muitas informações podem ser maçante para alguns, mas partindo da proposta geral do jogo, é até positivo ser didático.

Acredite, esse monstro na verdade é uma pobre criancinha…

Gráficos

Quando falamos de Miis, é claro que não dá para imaginar a maior e melhor aventura realista e repleta de detalhes. Seu design cartunesco praticamente obriga o ambiente a ser colorido, vivo e com formas simples, mas tudo isso, claro, aplicado de maneira extremamente competente.

Se comparado a versão de 3DS, Miitopia amadureceu bastante ao migrar para telas maiores e com alta definição. Junto disso, o sistema de criação de Miis sofreu um upgrade fortíssimo, onde a customização pode chegar a limites inimagináveis e trazer muito mais personalidade e vida para os Miis. Espero que em algum momento futuro seja possível migrar as criações de Miitopia para outros contextos que envolvam Miis.

Aqui uma cena legal: os Miis expostos a ângulos e luzes diferentes das de sempre

Trilha Sonora

As músicas de Miitopia são fantásticas e atendem muito bem a proposta de “jornada épica”, já que ao mesmo tempo que soam como trilhas medievais, que reforçam toda a temática do mundo que os Miis estão inseridos, elas também se animam e intensificam nas horas corretas, o que as tornam extremamente competentes para tudo que está sendo trazido.

Um universo focado nas mais diversas expressões faciais fortemente pede para que o jogo seja acompanhado de boas trilhas sonoras, efeitos sonoros, zooms estratégicos e textos bem humorados. Por isso, a trilha sonora de Miitopia não vai brilhar muito estando sozinha, mas funciona fantasticamente bem quando somada ao contexto todo.

A narração em texto, somada com a trilha sonora, traz a sensação de um longo livro ilustrado sendo contado e isso só funciona pois as músicas colaboram com a imersão nessa linha narrativa. Então, mais um ponto para a trilha sonora!

Veredito

A ideia de que o meu vilão não será o mesmo vilão que o seu e meu aventureiro não será igual ao de ninguém é muito interessante. Todos os jogadores saem do ponto A e vão até o ponto B, mas Miitopia torna essa trajetória única, criativa e divertida.

Não espere uma aventura épica com centenas de horas de gameplay, pois essa não é a proposta em Miitopia. Apesar dos Miis terem potencial para protagonizar tal proposta, aqui o foco é no humor e na leveza de você “fazer de conta” que amigos, inimigos e/ou personagens fictícios são seu elenco numa fábula que têm tudo para ser didática e encantadora.

Os Miis são bizarramente funcionais em qualquer proposta Nintendo, e quando eles brilham de maneira exclusiva, como em Wii Sports ou Wii Music, apenas reafirma que, vez ou outra, eles merecem um palco só para eles. Que bom que Miitopia saiu para o Nintendo Switch.