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Análise: Samurai Shodown! 2 Pocket Fighting Series

A franquia Samurai Shodown ficou famosa nos anos 90 por trazer ótimos gráficos e lutas baseadas em armas, ao contrário do gigante Street Fighter 2, cujas armas se limitavam as garras de Vega, e com o passar dos anos, Haohmaru e seu vistoso rabo de cavalo acabaram se tornando uma das faces mais populares da série, inclusive se juntando ao rol de aparições especiais em Soul Calibur, onde constam figuras icônicas como Darth Vader e Link.

Começando por SNK Gals’ Fighters, a SNK está relançando alguns títulos do NEO GEO Pocket e adicionou 2 títulos à biblioteca do Nintendo Switch: King of Fighters R-2 e Samurai Shodown! 2, ambos lançados originalmente em 1999.

Recebemos uma chave para fazer esta análise.

Jogabilidade

A jogabilidade, assim como todos os outros aspectos do jogo, se mantém fiel ao original. O jogo de luta se baseia em apenas dois botões de ação somados ao direcional. Além o botão A foca no ataque e o B em fintas mas também é usado para atacar ocasionalmente. O tempo que o botão é pressionado também altera o resultado no jogo, pressionadas rápidas comandam golpes rápidos e fracos e pressionadas mais longas resultam em golpes mais lentos e fortes.

Há 15 personagens jogáveis: Genjuro, Shiki, Asra, Morozumi, Haohmaru, Galford, Nakoruru, Rimururu, Hanzo, Jubei, Sogetsu, Charlotte, Kazuki, Ukyo e um personagem secreto. Todos os personagens possuem dois estilos de luta, “Slash” e “Bust”. Os estilos possuem algumas diferenças de movimentos e ataques especiais, mas mantém a pegada de cada personagem. Há uma grande variedade de armas, que é refletida na grande variedade de estilos. Alguns usam espadas, outros usam magia e alguns usam até animais durante o combate e, assim, alguns são mais eficientes de perto e outros de longe.

Um sistema de cartas adiciona mais um camada ao jogo. Conforme se avança e se cumpre alguns objetivos não explícitos, o jogador é recompensado com cartas que dão alguns benefícios ao seu lutador. Alguns são bem simples, como aumento da defesa ou do ataque e outros adicionam um gostinho a mais, por exemplo, melhorando ou dando novos ataques especiais. Ao todo são 8 cartas para cada lutador, 4 para cada estilo. No jogo original havia a opção de trocar cartas entre portáteis por meio de um cabo, mas esta opção não está disponível neste port.

A qualquer momento do jogo, é possível acessar um menu com opções que incluem customização dos controles e do display do jogo (com opções de skins do portátil, zoom e filtro da imagem), a possibilidade de voltar até 59 frames do jogo, resetar o jogo e a opção de ler o seu manual, que traz informações básicas do jogo, como os controles, ataques especiais e descrição da HUD.

Há um modo multiplayer que pode ser jogado por duas pessoas localmente até em modo portátil, no qual o switch gera duas telas, uma virada para a direita e uma para a esquerda, para cada jogador controlar seu lutador de um lado do console portátil (imagem abaixo), semelhante antigos arcades em formato de mesa.

Mesmo que o jogo seja antigo, a precisão dos comandos é fundamental para se ter um bom desempenho no jogo e nisso o switch deixa a desejar. Os analógicos dos joycons e seus direcionais digitais não são tão precisos ou confortáveis e muitas vezes me pego pulando quando queria apenas avançar e tendo dificuldade de executar movimentos simples, como o quarto de lua pra frente e ataque (o famoso hadouken). Essa dificuldade, somada ao ritmo um pouco lento, faz com que o personagem pareça ter vida própria, não sendo muito claro em quais comandos estão sendo computados e quais se perdem no meio dos frames da animação.

Gráficos

Os gráficos do jogo em si não receberam atualização alguma quando comparados aos originais, no portátil da SNK. Há apenas alternativas de skins do NEO GEO Pocket e uma opção de filtro para deixar a tela com aspecto similar ao antigo, com pixels bem marcados, ao contrário do visual mais liso, possibilitado pela emulação.

Os cenários são bastante simples, mas conseguem passar uma certa noção de profundidade mesmo sem efeitos mais avançados, como paralaxe. Os sprites dos personagens em estilo SD (“Super Deformed”) ficam bem visíveis devido a cada personagem ter a sua cor base, que não é repetida em nenhum oponente, deixando evidente quem você é e onde você está em todos os momentos, mesmo que a tela seja um tanto pequena no modo portátil.

É possível ver algumas artes bem impressionantes nas cartas, bem detalhadas e com cores vibrantes, que são o ponto alto dos gráficos neste jogo portátil que veio, literalmente, do século passado.

Sons

O jogo é recheado de músicas em chiptune que são surpreendentemente longas e numerosas, o que mitiga um dos grandes problemas das trilhas de jogos da época, que é ter um loop curto e irritante. Dentre o acervo de 25 músicas, é possível encontrar algumas mais alegres, outras mais agressivas e, ainda, umas sombrias.

No melhor estilo nostálgico, é possível conferir todas as músicas e efeitos sonoros no “Sound Test Mode”, disponível nas opções do jogo, onde, visionariamente, também há um contador do tempo de jogo.

História

A história segue os eventos de Samurai Shodown 64: Warriors Rage, porém sem muitos detalhes, a introdução do jogo fala sobre uma entidade maligna que busca a ressurreição de um deus sombrio que trará uma utopia sombria.

Como é comum em jogos de luta, é de longe é a parte mais fraca do jogo. Isto é potencializado pelas limitações do NEO GEO Pocket que reduz os diálogos a algumas frases curtas que dizem mais sobre a personalidade do lutador do que sobre os eventos em si, deixando muito implícito em pequenas cutscenes apresentadas no início e final da campanha.

Veredito

Um jogo simples que traz o básico da série de forma compacta e acessível. Possui uma complexidade impressionante, dado o contexto original do jogo, com uma variedade grande de personagens e estilos, potencializada pelas cartas. Seu combate lento pode desagradar um pouco, mas também dá oportunidade para um estilo de jogo mais focado em habilidade e estratégia e não tanto em reflexos.

Pode ser terminado em cerca de 20 minutos, sendo uma boa pedida para aproveitar o modo portátil do Switch.