A SNK teve seu portátil Neo Geo Pocket Color lançado em 1999 e junto dele o imenso desafio em criar grandes experiências como fez nos fliperamas e no próprio Neo Geo.
Com o forte objetivo de dividir o mercado com o Game Boy Color na época, a Nintendo volta a aparecer na história deste icônico jogo de luta, sendo o lar agora de The King of Fighters R-2 em uma versão para o Nintendo Switch.
O jogo de 1999 segue a estratégia da SNK em trazer outros jogos de peso de sua história, como foi o caso de Samurai Shodown! 2, mas a análise de hoje é para o incrível jogo de luta que cabia no seu bolso nos anos 90 e que retorna em 2020 ainda cabendo no seu bolso (ou pelo menos na sua mochila).
Esta análise só foi possível graças a chave que recebemos!
Jogabilidade
Apesar de eu nunca ter jogado fisicamente em um Neo Geo Pocket Color, é inegável que este port esbanja nostalgia, mantendo tudo muito próximo do original e muito próximo da experiência que se tinha ao jogar em um Game Boy – este eu já sou familiarizado! – contando apenas com os botões A e B e um direcional em cruz para te acompanhar na jogatina. Apesar do foco ser nessa sensação “original”, você ainda consegue usar o analógico esquerdo do seu Switch para as ações.
Sobre em botões, para os mais saudosos, lidar com dois botões de ação pode ser um desafio: o jogo manteve às óbvias adaptações da época em criar um simples sistema de batalha que coubesse na proposta do portátil, então se você entender ou tiver vontade em acostumar, é algo bem tranquilo. A pequena tela consegue conter informações o suficiente para que você entenda tudo e consiga ter uma experiência fluida.
Gráficos
Falando ainda sobre a tela, vale ressaltar que estamos falando de um jogo (e de uma estratégia da própria SNK) que abraça sua experiência original. Não espere aqui um remaster ou personagens e modos adicionais que usufruam da tela inteira do Nintendo Switch. O jogo assumidamente se mantém nos moldes que o definiram há mais de 20 anos atrás, com a tela pequena na resolução original e um desenho do próprio Neo Geo Pocket em volta. Inclusive, se você jogar no modo portátil no Switch, os botões do Neo Geo Pocket respondem ao toque!
Os personagens complexos e extravagantes de KOF recebem uma repaginada no estilo chibi, que consiste em manter os personagens mais cartunescos e menores, o que encaixa perfeitamente com a proposta em ser algo “menor” do que a série original, além de claro criar um aspecto único para o game.
A única coisa que a versão de Switch corrige é a visibilidade da tela: no passado, o portátil da SNK sofria das mesmas questões que outros portáteis com a questão de enxergar o que se passava na tela, por isso os personagens tem cores primárias bem fortes que os diferenciam uns dos outros e também do cenário. Jogar em uma tela atual torna esse aspecto ainda mais vivo e eu achei isso um grande charme.
Sons
Ah, os sons… Os jogos dos portáteis do final dos anos 80 e começo dos anos 90 tem o charme de serem tão similares, porém tão diferentes e únicos ao mesmo tempo. A capacidade sonora dos portáteis sempre foi muito parecida, o que desafiou as desenvolvedoras para criar sua própria assinatura em seus jogos, e o trabalho feito em The King of Fighters R-2 é bem satisfatório.
Mesmo não tendo jogado em sua época de lançamento como mencionei, a abertura mesmo assim conseguiu me transportar aos anos dourados dos “sonzinhos” abafados dos anos 90. Por favor, não pulem a abertura desse game.
História
KOF R-2 é baseado em King of Fighters 98’, jogo este que não possui uma história base, por se tratar de um spin-off da franquia. O jogo apresenta personagens que foram estabelecidos desde 1994 mas sem a pressão de introduzi-los ou até mesmo aprofundá-los, partindo direto para a porradaria.
Para alguns, a ausência de uma história principal pode ser um incômodo, mas eu dei a “licença poética” de entender que o jogo não é da linha principal, traz muito bem a questão das lutas, que são o principal elemento, ao mesmo tempo que celebra seus lançamentos anteriores e dá mais força para os seguintes.
Veredito
Talvez apenas uma pequena parcela do público brasileiro tenha tido a oportunidade de jogar em um Neo Geo Pocket Color, porém não dá para negar que o objetivo de simular a experiência original foi concluído com sucesso.
O jogo consegue ser nostálgico para quem teve qualquer tipo de contato com a era portátil do mundo dos games nos anos 90. A proposta de “um portátil dentro do outro” (isso se você jogar no modo portátil no Switch) soa um pouco aflitiva no início, mas com um pouco de costume entende-se que a intenção é boa.
Por não ter ambição em usar a geração atual para crescer e sim para portar o passado, King of Fighters R-2 veio com uma missão que não poderia dar errado e a cumpriu com excelência, basta o jogador estar disposto a conhecer ou reviver uma experiência quase idêntica ao que foi visto em 1999.