Se você já mudou de casa, sabe que encaixotar e desencaixotar caixas e mais caixas de coisas é, sem dúvidas, uma tarefa monótona e cansativa – até porque também é preciso organizar tudo no seus devidos lugares na nova moradia. Esta é a exata proposta de Unpacking, game desenvolvido pela Witch Beam e publicado pela Humble Bundle, mas, de um jeito curioso, a monotonia é deixada de lado e tal tarefa consegue ser divertida e contemplativa – sim, um game de desempacotar caixas e organizar objetos em uma casa consegue ser divertido, relaxante e deslumbrante. É ao misturar quebra-cabeças, decoração e diferentes elementos visuais e sonoros, que Unpacking consegue ser um jogo fora da curva através de uma história subjetiva, mas comovente, minimalista, mas grandioso. Abaixo, você confere nossa análise do game, que nos foi disponibilizado através de uma assinatura pelo pessoal do Game Pass – você pode assinar o serviço para PC ou Xbox neste link, e também visitar a página do game no serviço da Microsoft aqui.
História
Pode parecer estranho, mas Unpacking conta uma simples, mas uma tocante história: ao longo de 20 anos, uma mulher se muda de moradia por 6 vezes consecutivas. E é através dessas mudanças que o jogo implementa absolutamente todos seus elementos lúdicos primordiais, incluindo seus subjetivos elementos narrativos. Enquanto o começo simples nos mostra que existem algumas regras, também é possível entender que a mulher também teve um começo de vida simples. E ao progredir no jogo, que vai apresentando novos cômodos, objetos e desafios, é possível entender que a vida da mulher também progride através de casas cada vez maiores e/ou mais belas. Os vinte anos, assim como as 6 residências, passam num piscar de olhos.
Jogabilidade
Além da história, a mecânica de Unpacking funciona com foco na simplicidade: no PC, tudo é feito através do clique do mouse, por exemplo. A cada começo de fase, um cômodo da nova residência aparece com caixas espalhadas e empilhadas. Ao clicar na caixa, ela revela um item, que deve ser colocado no seu devido lugar – não é possível simplesmente largar um livro ou um brinquedo no chão, já que o jogo exige certa organização, mesmo que dê liberdade em posicionar livros do jeito que quiser numa prateleira, por exemplo. Com o primeiro item posicionado, basta clicar novamente na caixa para revelar o próximo objeto, que deve ser posicionado seguindo a lógica da vida real: uma faca de cozinha deve ficar na cozinha; uma escova de dentes, no banheiro. Caso um objeto esteja no lugar errado, o game cria uma borda vermelha que pisca em volta dele, fator que dá um ótimo direcionamento no meio de tanta organização.
Com o progresso na vida da personagem, o game apresenta novos objetos, novas decorações e novas oportunidades de organização, mas sem implementar novas mecânicas. O foco, ao longo de todo o game, é a simplicidade, relaxamento e diversão, o que faz com o que Unpacking somente apresente novos desafios lógicos e organizacionais, sem implementar novas mecânicas até o fim da jornada do jogador. A proposta funciona do começo ao fim, as pequenas novidades apresentam bons desafios durante a jogatina e os cliques para desempacotar e organizar as novas moradias é um exercício de contemplação e relaxamento ininterrupto.
Gráficos
É justo dizer que não é só a mecânica de jogo de Unpacking que traz relaxamento e diversão, já que os gráficos fazem isso instantaneamente. Bater os olhos nos cômodos das casas e se deparar com o charmoso visual pixelado e colorido do game equilibra o alívio de se imaginar desempacotando diferentes caixas após uma mudança. Aliás, é justo dizer que a visão isométrica não só dá espaço para que o visual gráfico se destaque, mas também ajuda na percepção dos ambientes e facilita a organização dos itens. E enquanto os ambientes das casas são menos refinados, os objetos, incluindo livros, brinquedos, utensílios domésticos, entre outros, seguem cores vibrantes e mais detalhes – este ponto que deixa a diversão ainda mais primorosa. Cores vibrantes, formatos pixelados e jogabilidade simples se encaixam como um livro pronto pra ir pra uma estante.
Trilha Sonora
A trilha sonora de Jeff van Dyck é outra peça chave de Unpacking. Inclusive, me remeteu muito a momentos do saudoso The Sims, de 2000. Construir a residência dos Sims era um momento contemplativo e relaxante não só pela tarefa em si, mas também pela trilha sonora. Em Unpacking, isso também acontece. Enquanto um sintetizador nos leva às trilhas sonoras de games em 8 ou 16 bits, uma guitarra calmamente me coloca nos eixos e cria toda uma atmosfera em todas as fases do game, o que a torna mais um dos pilares que certifica que o jogador está em um ambiente caseiro e sem distrações. A história subjetiva, a mecânica simplificada e o visual pixelado se unem à trilha sonora pra entregar um game com um objetivo simples, mas que é cumprido do começo ao fim.
Veredito
Unpacking é o game ideal para quem quer um momento introspectivo e reflexivo. A simples tarefa de tirar objetos de uma caixa e organizá-los em uma casa certamente parece exaustiva na vida real, mas no game isso é primoroso e contemplativo. Jamais pensei que diria isso, mas desempacotar caixas após uma mudança pode sim ser relaxante. O game, talvez, não se encaixe no perfil de jogadores que buscam o frenesi de games de ação, de esportes ou qualquer outro tipo de jogo, mas para aqueles que buscam a calmaria pixelada, Unpacking é uma caixa cheia de recursos para divertir em cada um de seus cantos. O game está disponível para plataformas Xbox e PC via Game Pass, além do Nintendo Switch, macOS e Linux.