Querendo ou não, todo jogo oferece um objetivo principal aos jogadores: resgatar uma princesa em um castelo, formar linhas de blocos horizontais para ganhar o maior número de pontos possíveis, capturar monstros e vencer líderes de ginásios, e por aí vai. Mas, com o passar dos anos, o gamedesign explorou uma proposta de desafios mais ampla, diversa e não obrigatória aos jogadores: as missões secundárias (também conhecidas como side quests). Missões secundárias podem ser vistas como tarefas não essenciais, ou seja, tarefas que não influenciarão o desenrolar do objetivo central de um jogo. Mas por mais que pareçam insignificantes, elas cumprem um objetivo importante – e é interessante entender o papel dessas missões na hora de jogar.
Conheço muitas pessoas que preferem jogar side quests depois de terminar um game, assim como conheço pessoas que sequer dão atenção a elas. Eu, por outro lado, prefiro terminar ou fazer o máximo de missões secundárias antes de finalizar um determinado game. E não é nem pelo divertimento, é por enteder sua influência em várias camadas diferentes dos jogos. Pode parecer que não, mas procurar uma panela perdida em The Witcher 3: Wild Hunt ou passar horas coletando as mochilas de Peter Parker em Marvel’s Spider-Man tem suas vantagens. Abaixo, te explico como isso funciona.
Side quests e a narrativa
Recentemente, contei como um detalhe em God of War me fez gostar ainda mais do game. Mas há outro detalhe no jogo exclusivo para plataformas PlayStation que me fez querer finalizar todos os objetivos possíveis: as missões secundárias. No título de 2018, Kratos e Atreus exploram diversos reinos da mitologia nórdica para cumprir um último desejo da finada esposa do protagonista (aqui entra a missão principal do jogo). No entanto, ao longo da jornada, jogadores podem embarcar em side quests de diferentes tipos – ajudar espíritos erráticos que pedem ajuda aos protagonistas, derrotar Valquírias e dragões em duelos intensos, além de uma missão em especial que mostra como side quests amplificam a mitologia de um game.
Um dos troféus disponíveis exige que jogadores encontrem 11 Santuários espalhados pelo mapa de Midgard e outras terras. Tais santuários nada mais são do que painéis com runas e desenhos que, geralmente, ficam escondidos em salas e vários outros tipos de ambientes. E pode parecer que eles só estão lá para que você, o jogador, os encontre e ganhe um troféu, mas um olhar mais atento mostra que tal side quest cumpre um papel diferente: cada Santuário conta uma história sobre a nova mitologia de God of War. Cada Santuário encontrado rende muitas linhas de diálogos entre Kratos, Atreus e até Mimir, e explicam o que aconteceu em Midgard e tantos outros reinos antes da chegada do Deus da Guerra. Aqui, a side quest presenteia o jogador não só com um troféu, mas com informações que enriquecem todo o contexto narrativo do game. Para quem gosta de se aprofundar na mitologia, side quests podem ser tão importantes quanto a missão principal quando o assunto é a narrativa e história.
Side quests e itens
Cyberpunk 2077 não teve um dos lançamentos mais felizes dos últimos anos. Lançado no fim de 2020, o game da CD Projekt RED ambientado em um mundo futurista conta com a ótima performance do ator Keanu Reaves e alguns elementos de RPG para divertir e contar uma boa história – quando ele não crasha ou sofre com bugs, claro. Admito que me diverti bastante com o jogo, que ainda conta com vários finais diferentes e armas interessantes que intensificam os duelos em Night City. Mas é nas side quests que o game entrega momentos mais divertidos – principalmente quando falamos sobre itens.
Ao explorar Night City, é possível encontrar missões secundárias que recompensam jogadores com armas e outros equipamentos que fazem uma diferença gritante nos confrontos com muitos inimigos. Um dos ótimos exemplos que eu dou é a missão disponível perto da estação de metrô College Street, em Heywood. Ao entrar em um beco, é possível encontrar uma arma falante que conta com dois modos de tiro: “Pacifista de Gatinho”, que mira somente nos membros dos inimigos, e “Vestido Para Matar”, uma mira automática que foca somente nas cabeças dos adversários. Além de divertir com seus diálogos, a arma falante também ajuda a eliminar adversários um a um mais rapidamente. Uma ótima recompensa para quem não tem miras tão apuradas.
Side quests e habilidades
Além de enriquecer a mitologia e a história dos games e presentear jogadores com armas e equipamentos que não são oferecidos durante a missão principal, as side quests também desbloqueam habilidades diferentes aos jogadores. E um dos melhores exemplos recentes que temos disso está em Control, game da Remedy Entertainment lançado em 2019. E essa divisão no jogo é interessante: enquanto algumas side quests apenas liberam pontos de habilidade, outras presenteiam jogadores com skills únicas, como um escudo sobrenatural e a habilidade de evadir dos ataques de adversários.
Você não precisa completar todas as missões secundárias que ver em qualquer jogo, mas tente ao menos entender o que elas propõem, porque as recompensas podem ser um diferencial crucial na sua jornada. A história do jogo em questão ficará mais rica, você pode ganhar itens que não encontraria na missão principal e até habilidades pode conquistar para deixar sua jogatina ainda mais divertida.
Side quests e diversão
E por falar em divertir, existem side quests cujo foco é divertir, simples assim. Neste quesito, Yakuza 0 dá um show de diversão com missões secundárias cujo único foco é explorar o lado bizarro dos games – afinal, treinar uma Dominatrix em um parque é, sem dúvidas, algo bizarro. Em Borderlands 2, jogadores comem pizza e celebram o aniversário do caricato robô Claptrap numa missão simples e divertida. E o mesmo propósito é visto no já mencionado The Witcher 3, que conta com uma missão em que Geralt precisa beber uma cerveja especial e ficar bêbado para poder se comunicar com um espírito – vale lembrar que, neste processo, o protagonista troca diálogos com seu cavalo, o famoso Carpeado.
Side questes e mecânicas
E ainda existem missões secundárias que propõem testar suas mecânicas e habilidades, como em Marvel’s Spider-Man, por exemplo. No game de 2018, o Treinador, vilão que apareceu no filme Viúva Negra, propõe uma sequência de diferentes desafios aos jogadores, incluindo lutas contra ondas de inimigos ou desafios em que é preciso desativar bombas, por exemplo. É justo dizer que cada um dos desafios oferecem recompensas ao jogador, afinal, essa é uma das propostas principais das side quests. No entanto, as missões com o Treinador se baseiam única e exclusivamente em testar as habilidades dos jogadores. Quanto mais habilidos você for, melhor irá se sair nos desafios.
Side quests são muito mais do que recursos para aumentar possibilidades nos games. Side quests formam, atualmente, um dos pilares que podem não só enriquecer histórias, mas premiar o esforço dos jogadores através de diversão ou esforço. Na próxima vez que jogar algo que ofereça side quests, tente explorar um pouco as oportunidades oferecidas. Assim, você pode conhecer mais sobre o universo do game, ganhar itens e habilidades, ou apenas se divertir – o que é sempre ótimo.