Análises

Análise: NEO GEO Pocket Color Selection Vol. 1

Após lançar vários jogos de luta clássicos de seu console portátil, o NEO GEO Pocket Color, para o Switch, a SNK resolveu juntá-los com outros 4 jogos e lançar uma seleção para aqueles que buscam uma experiência retrô mais completa.

Todos os jogos estão rodando no mesmo emulador dos outros jogos de luta, como o Gal Fighters, Samurai Shodown e Fatal Blade. Isso significa que todas as melhorias anteriores se fazem presentes aqui também. Diferentes “skins” do console, manual completo e o “Rewind”, que dá a capacidade de voltar alguns frames do jogo, tornam as experiências um pouco mais personalizáveis e acessíveis a quem quiser explorar este retrato do final dos anos 90 e início dos anos 2000. Além disso, o jogador agora pode conferir um modelo em 3D com animações de abertura da caixa e do cartucho do jogo.

Além dos modelos em 3D, é possível conferir alguns detalhes básicos do jogo

Os jogos contidos na seleção são os seguintes:

– Big Tournament Golf (Esporte)
– Dark Arms: Beast Buster (Action RPG)
– Fatal Fury First Contact (Luta)
SNK Gals Fighters (Luta)
King of Fighters R-2 (Luta)
The Last Blade: Beyond the Destiny (Luta)
– Metal Slug 1st Mission (Run and Gun)
– Metal Slug 2nd Mission (Run and Gun)
Samurai Shodown! 2 (Luta)
– SNK Vs. Capcom: The Match of the Millennium (Luta)

Nos links acima você pode conferir nossas análises individuais de alguns destes jogos.

História

Os jogos contam com histórias bem modestas, seguindo o padrão para jogos portáteis da época. Devido a limitações do formato, não há grandes cutscenes nem muitos diálogos, resumindo a trama a algumas frases no início e no final do jogo.

Ok… Mestre… ?

Toda essa pegada é bastante coerente com o histórico de arcades da SNK e, apesar de ter construído um background para seus personagens ao longo de várias gerações de consoles, o enredo de seus jogos nunca foi o ponto alto do desenvolvimento, o que se repete e evidencia nesta seleção.

Jogabilidade

Como fica claro na lista de jogos, é dada uma grande atenção aos jogos de luta do portátil da SNK. 6 dos 10 jogos são de luta, sendo que todos possuem mecânicas bem semelhantes, trazendo alguns traços de cada franquia. O jogo que se diferencia um pouco mais dos outros é SNK Vs. Capcom: The Match of the Millenium. Nele, é possível escolher como a barra de especial se comportará: como nos jogos da SNK ou da Capcom? Ou de uma terceira forma, mais neutra? Também existe o modo “Olympic”, com 7 minijogos bastante divertidos e que te desafiam de formas diferentes. 3 são baseados nas lutas normais, mas outros 4 apresentam jogabilidades completamente diferentes, desde jogos de ritmo, estilo Guitar Hero, até algo parecido com os clássicos jogos de Light Gun, como Virtua Cop e Time Crisis.

O Olympic Mode é dividido entre os times SNK e Capcom

A precisão é bastante importante em qualquer jogo, seja executando saltos precisos para não morrer em Metal Slug, para executar o golpe desejado em Fatal Fury ou mesmo conseguir lançar a bola até o green em Big Tournament Golf. Essa precisão faz do sistema de “rewind” um grande aliado, já que os Joycons não são os controles mais precisos do mercado, e dá uma grande aliviada na dificuldade que parece um pouco injusta de vez em quando.

Apesar de não revolucionar em nenhum aspecto, alguns jogos conseguem surpreender, como o modo “Olympic”, já mencionado, e a não linearidade de algumas fases de Metal Slug 2nd Mission, que mesclam ambientes internos e externos além de exigir progressão em outras direções, não apenas para a direita, lembrando ligeiramente um metroidvania.

O golfe poder ser um pouco duro às vezes…

Sons

As trilhas são variadas e podem trazer certa nostalgia pelas franquias consagradas que representam. Alguns efeitos sonoros também tem o mesmo efeito. Um grande exemplo é o narrador de Metal Slug 2nd Mission que anuncia cada arma diferente coletada, nos teletransportando imediatamente para os fliperamas dos anos 90, entregando uma qualidade que parece desproporcional dentro do pacote, de forma similar ao impressionante feito de Show do Milhão no Mega Drive.

Gráficos

Utilizando de gráficos bastante estilizados, normalmente no estilo “Super Deformed” ou “chibi“, os jogos conseguem entregar cenas bastante impressionantes, principalmente nas eventuais cutscenes. Durante o jogo em si, entretanto, é necessário destacar os personagens. Para isso, muitos deles utilizam a mesma técnica, de deixar cenários praticamente monocromáticos, destacando os personagens com cores diferentes.

Talvez a sequência mais bonita de toda a coleção!

Com vários estilos diferentes e gêneros que demandam coisas diferentes, a seleção mostra a capacidade da telinha do NEO GEO Pocket Color, mas falha em aproveitar de tecnologias mais modernas, tão comuns em emuladores. Não há opções mais avançadas de filtros ou processamentos, se mantendo na simplicidade das scanlines, o que parece uma oportunidade desperdiçada.

Ainda há a opção de mudar a skin do console ou deixar apenas a tela do jogo, mas não foram feitos avanços significativos, apenas replicando o que foi feito em outros jogos lançados anteriormente.

Veredito

Uma coleção de 10 jogos que traz 6 dos jogos de luta já lançados para o Switch, essa seleção parece um pouco desbalanceada. Esse sentimento é ressaltado pela grande similaridade dos 6 jogos de luta, que provavelmente já estariam muito bem representados com apenas 1 ou 2 exemplares, como SNK Vs. Capcom que traz um conteúdo extra interessante além das lutas principais para fazer valer a sua presença.

Metal Slug 2nd Mission traz de tudo que seus antescessores entregavam

Sendo já o sétimo jogo a utilizar o mesmo sistema, algumas melhorias poderiam ter sido implementadas, como novos filtros ou uma forma mais fácil de aumentar a tela do jogo, que fica muito pequena quando se joga em modo portátil.

Da mesma forma que a parte gráfica poderia ter recebido mais atenção, a parte sonora é muito crua. Um modo de “Sound Test”, por exemplo, com versões das trilhas em alta qualidade poderia agregar um valor muito interessante ao jogo. Isso dito, uma grata adição é a possibilidade de se sair e voltar para o jogo no mesmo ponto, como um “save state” no momento em que se volta para o menu de seleção de jogos.

Mesmo não tendo as melhores opções de jogos, NEO GEO Pocket Color Selection Vol. 1 faz um bom trabalho de mostrar muito do que o antigo, e praticamente desconhecido no Brasil, portátil da SNK é capaz, já deixando um gancho no título nos provocando sobre um eventual Volume 2.